Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complexidade dos Fluxos Financeiros Internacionais

7 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Um artigo sobre o assunto dos controles dos fluxos financeiros internacionais foi publicado por Alex Ribeiro no Valor Econômico, com base nas informações pessoais fornecidas pelo diretor brasileiro e de outros países no FMI – Fundo Monetário Internacional, Paulo Nogueira Batista Junior. Este assunto é de grande complexidade, pois, dependendo da conjuntura econômica, tende a se agigantar, havendo interesses divergentes entre os países membros. Em princípio, os recursos gerados pelos países mais desenvolvidos tendem a procurar as economias que necessitam dos mesmos, e por isto remuneram melhor, para financiarem os seus investimentos e acelerarem o seu desenvolvimento e, neste sentido, são necessários.

No entanto, como os fluxos financeiros internacionais são volumosos, superando em muitas vezes os decorrentes dos fluxos comerciais, quando as economias desenvolvidas aumentam a sua disponibilidade visando retomar o crescimento de suas economias, uma parte substancial dos mesmos acabam se dirigindo para países que apresentam melhores remunerações e outros que são considerados mais seguros. Assim, até a Suíça acabou sendo obrigada a estabelecer um limite para a variação do seu câmbio, procurando coibir o exagerado influxo de recursos naquele país.

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Paulo Nogueira Batista Junior

Já foram muitas as tentativas para se estabelecer uma regulamentação sobre estes fluxos, mas eles não interessam ao sistema financeiro internacional que conseguem remunerações dos mesmos, tanto na ida como na volta. Ainda agora, um documento recente do staff do FMI ressalta mais as suas vantagens, informando que medidas restritivas estão sendo tomados por alguns países, prejudicando a economia mundial. Falam pouco das dificuldades que criam para os países que recebem influxos exagerados, acabando por valorizar suas moedas, dificultando suas exportações e beneficiando suas importações. Além disto, os gastos como o de turismo acabam ocorrendo no exterior, como o que tende a ocorrer no Brasil recente.

O Brasil veio sendo beneficiado pelos preços alcançados pelas suas commodities minerais e agropecuárias que permitiram a geração de substanciais montantes de divisas nos últimos anos. Ainda assim, veio mantendo juros elevados que aumentaram os influxos destes recursos, exagerando a valorização do seu câmbio.

O problema é que este quadro se altera como já ocorreu no passado, e as economias semelhantes à brasileira podem necessitar de recursos para cobrir suas necessidades da balança de pagamentos, que, além da parte relacionada com o comércio internacional, envolvem os fluxos financeiros decorrentes das dívidas externas e seus encargos, incluindo os investimentos externos e os lucros que precisam ser remetidos.

Alguma regulamentação acaba sendo admitida como necessária, para os casos extremos, mas não se consegue um acordo sobre quais seriam os seus limites. E, numa inversão de tendência, pode acabar prejudicando esta economia.

Hoje, existe uma situação inusitada. A China, que veio se desenvolvendo rapidamente nas últimas décadas, mas ainda conta com expressiva população no quadro de pobreza, tem uma poupança elevada e conta com volumosas reservas externas. Parte dela financia países desenvolvidos e outros emergentes, não sendo o que acontece usualmente.

Neste quadro internacional complexo, o Brasil reclama do tsunami monetário e da guerra cambial. Mas a maioria das economias desenvolvidas, para recuperarem a sua economia, continuam aumentando a disponibilidade mundial de recursos, sem que ela se transforme em investimentos que criam empregos. Muitos destes recursos ficam líquidos, nas empresas e nos bancos, gerando uma situação que pode ser tornar totalmente incontrolável, pois existe uma crise de confiança pela falta de demanda e os investimentos em novas instalações produtivas demandam tempo, no qual a situação pode se modificar.

Tudo isto é de grande complexidade, e quando poucos países tinham o comando da situação poderiam impor suas vontades, o que não mais acontece no mundo atual e globalizado.



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