Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Medidas Brasileiras de Ativação da Economia

22 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Diante do conjunto de medidas tomadas pelo governo brasileiro visando a ativação de sua economia, alguns críticos se apressam a apresentar suas objeções, observando que a da demanda não seria a melhor das soluções. Quando os pátios das montadoras de automóveis estão abarrotados com produtos que aguardam a sua colocação, haveria alternativas mais inteligentes? A economia mundial está desaquecida, e a tentativa de ampliar as exportações teria limitadas possibilidades, e os investimentos públicos em infraestrutura demandaria muito tempo para produzir resultados. Poucas seriam as alternativas para ativação da economia, num prazo curto.

Todos os meios de comunicação do país divulgam as medidas tomadas, e entre elas a redução dos encargos tributários e de juros sobre a aquisição de bens de produção como caminhões, equipamentos etc.. Também ajudam a desovar parte do estoque, diante de uma produção realizada, e cujo consumo ficou limitado com os endividamentos assumidos com encargos pesados. Esta nova rodada de medidas tem, evidentemente, um efeito mais limitado que a primeira do mesmo tipo em 2008. Sem a redução do atual estoque não haveria condições para novos investimentos no setor automobilístico, que tem um forte impacto em toda a economia brasileira. O outro setor equivalente em resultados, o da construção civil, já está suficientemente beneficiado.

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Sempre houve críticas sobre os impostos e juros elevados no Brasil. Com a atual inflação brasileira, os juros reais para o financiamento da venda de veículos chegaram a zero. Muitos impostos foram reduzidos, a partir do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, como do IOF – Imposto sobre Operações Financeiras. Para estimular os bancos a concederem empréstimos adicionais, foram reduzidos os depósitos compulsórios para operações aos consumidores de veículos. Ainda que não seja nenhuma maravilha de plano por não proporcionar uma perspectiva de prazo mais longo para os empresários, pode ser encarado como um início de reação governamental diante da possibilidade de um fraco desempenho no crescimento econômico.

O emprego e os salários ainda não foram afetados, mas sem as medidas tomadas as empresas da indústria automobilísticas teriam que começar a dar férias coletivas, o que seria mais desanimador para muitos que já estão assustados com o que acontece no resto do mundo. Deve-se observar que a China como a Índia também procuram tomar medidas que estimulem o crescimento do mercado local, visando reduzir o impacto da crise mundial.

Tudo indica que, diante do quadro internacional, poucas são as possibilidades de que as medidas gerem pressões inflacionárias, sendo certo que os preços dos veículos sofrerão quedas significativas. As medidas são temporárias, pois o governo se preocupa com a queda substancial de suas receitas que podem gerar déficits fiscais acima do suportável.

Outras medidas complementares, como a redução das despesas de custeio do governo e ativação da implementação dos investimentos em infraestrutura, necessitam serem tomadas. Seria desejável que as autoridades proporcionassem uma melhor visão de longo prazo, tanto para orientar os potenciais investimentos como, principalmente, os que operam internacionalmente, comparando o que acontece no Brasil com o resto do mundo.



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