Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Por Que Economias Param de Crescer

28 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Quando um Prêmio Nobel em Economia como Michael Spence escreve um artigo distribuído pelo respeitável Project Syndicate, ainda que possa parecer uma generalização teórica, deve ser estudado com respeito, até por causa dos diversos cargos acadêmicos ou não que foram ocupados por ele. São lições decorrentes de sua longa e atualizada experiência, acompanhando o que vem sendo publicado em livros e vem se observando em muitas economias desenvolvidas, emergentes como o do Brasil e em desenvolvimento.

É evidente que num simples artigo nem tudo não pode ser resumido, mas a essência destes problemas acaba sendo detectado, e se torna importante para analisar o que acontece nas recentes crises e desacelerações em muitas economias. As nuances que são colocadas na análise recomendam a leitura intergral do artigo, que pode ser encontrado no: http://www.project-syndicate.org/commentary/why-do-economies-stop-growing.

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Michael Spence, Prêmio Nobel de Economia

Segundo o autor, muitos países desenvolvidos ou em desenvolvimento vem promovendo os seus crescimentos, deliberada ou algumas vezes inadvertidamente, com enfoques variados que embutem limitações que não os preservam sustentáveis. Para evitar sérios problemas, há que se reconhecerem estas limitações com a maior brevidade possível.

Na bibliografia, segundo o autor, existem muitos modelos de desenvolvimento. A substituição de importações em países em desenvolvimento pode funcionar como uma forma de diversificação da economia por um tempo, mas costuma defasar o crescimento da produtividade e das vantagens comparativas que ficam escondidas, levando a uma redução do processo. Mas pode-se alegar que os países que chegaram ao estágio depois que outros já estavam consolidados nem sempre contam com alternativas.

Economias pequenas e abertas, naturalmente especializadas, tornam-se vulneráveis aos choques externos e às volatilidades, segundo o autor. Ele recomenda manter esta especialização com uma flexibilidade estrutural, com redes de segurança, adaptando-se as evoluções tecnológicas das economias globais. Certamente, isto é bem complexo, e talvez o exemplo que conseguiu sucesso foi o de Cingapura, dentro de um regime político rígido, e sua economia nem sempre ficou muito aberta.

Más gestões dos recursos naturais podem levar a dificuldades no prosseguimento do crescimento, segundo ele. Investimentos em infraestrutura, educação e ativos financeiros externos poderiam acelerar o seu processo, mas muitas vezes ocorrem distorções. Pode ser que tais processos de desenvolvimento econômico necessitam ser compatibilizados com as necessidades políticas e sociais, dentro de um conjunto único.

Os países desenvolvidos, recentemente, segundo o autor, descobriram novos conjuntos de limitações estruturais: o consumo excessivo que acumulam dívidas, provocando declínio dos investimentos, lição que está sendo aprendida com muita dureza. Mas, o oposto, exageradas dependências dos investimentos também podem ser limitantes, como ocorre atualmente na China.

A crescente desigualdade de renda dentro da mesma população também apresentam limites, ainda que os talentos pessoais necessitem ser reconhecidos. Os sentimentos de injustiça acabam gerando problemas políticos. Segundo o autor, todas estas limitações poderiam ser agrupadas em três aspectos comuns.

O primeiro seria a crescente autolimitação de todas as espécies de recursos do ativo, inclusive os naturais, mas onde até a coesão social estaria incluída. Segundo o autor, também existem fatores não identificados claramente, como a falta de investimentos, bem como os voltados para o futuro. E, finalmente, as desconsiderações dos aspectos fiscais, ainda que os investimentos do tipo keynesiano tenham que ser considerados dentro de um tempo razoável.

Mas Michael Spence não considera que eles sejam suficientes, havendo necessidade de mudanças estruturais e de investimentos para se restabelecer as partes da base da economia que venham a se esgotar, de forma a tornar o processo sustentável.

Mesmo que estas considerações sejam bastante teóricas, o seu esforço de sistematização permite analisar muitos casos em que as economias estão deixando de crescer.



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