Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fortalecimento das Relações Sino-Brasileiras

25 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 4 Comentários »

Paralelamente à reunião do Rio + 20, a recente reunião do G20 e do BRICS em Los Cabos no México, a presidente Dilma Rousseff e o premiê Wen Jiabao mantiveram entendimentos demorados para incrementar as relações bilaterais. O jornal chinês China Daily destaca que no Rio de Janeiro a reunião entre ambos, a portas fechadas, durou cerca de 90 minutos e proporcionou alguns resultados relevantes. O de maior expressão internacional é o acordo entre os dois países para o uso de US$ 30 bilhões, em yuan e em real, para as mais variadas finalidades, inclusive no intercâmbio comercial, sem ter que passar pelo dólar norte americano.

Na reunião dos BRICS, os países participantes fortaleceram a ideia de que estes países se mantêm dinâmicos, enquanto o mundo desenvolvido apresenta problemas, podendo gerar problemas da escassez de financiamentos internacionais. Eles poderiam ser superados pela cooperação recíproca. É evidente que o yuan está procurando tirar partido do enfraquecimento do dólar e a instabilidade do euro, ampliando a sua presença internacional, como com o acordo que permite que o comércio da China com Taiwan seja feito nesta moeda. Na relação com o Brasil, que já conta com a China como o principal parceiro comercial, está se permitindo que as transações sejam feitas nas moedas dos dois países. Bancos chineses devem ampliar a sua presença no Brasil, e dentro do critério de reciprocidade, a presença do Banco do Brasil e de bancos privados brasileiros devem se estender com transformação dos atuais escritórios em agências plenas.

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Encontro de Dilma Rousseff com o Wen Jiabao no Rio de Janeiro

Outro acordo importante permite que a Embraer exporte o avião executivo Legacy 650 na China, ao mesmo tempo em que na parceria já existente com a Harbin Aircraft, as produções se concentrem nos modelos 600 e 650 na China, entregando a primeira unidade em 2013. Fortaleceu-se a cooperação bilateral na área aeroespacial, onde a China lançou recentemente uma estação orbital tripulada, mas também em outras tecnologias, inclusive agricultura e educação.

Com entendimentos e reuniões estratégicos em nível ministerial no mínimo anual, estabeleceu-se também o lançamento de um ou dois satélites meteológicos dentro de 12 meses.

Ainda que esteja havendo uma redução do ritmo de crescimento econômico em ambos os países, as medidas governamentais já tomadas permitem supor que em 2012 uma parte seja recuperada, utilizando mais amplamente os mercados internos.

Estas medidas procuram uma cooperação entre os países do BRICS mais intensa, aproveitando o maior dinamismo do que se observa no resto do mundo. E está se efetuando ao nível das atividades de alta tecnologia, e não somente na área de produtos de baixo valor agregado.

Isto exige que o Brasil redobre seus esforços para se manter competitivo no desenvolvimento das inovações dos mais variados setores, não se restringindo somente na produção de matérias-primas ou fontes de energia.


4 Comentários para “Fortalecimento das Relações Sino-Brasileiras”

  1. Júlio Aurélio Gotardo
    1  escreveu às 18:57 em 26 de junho de 2012:

    Temos que tomar cuidado, pois, do contrário a China transformará o Brasil em seu quintal, como vem fazendo com a África. Temos empresas fortes e não precisamos de neocolonialistas.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 23:06 em 26 de junho de 2012:

    Caro Júlio Aurélio Gotardo,

    Não acredito que mesmo a China que faz muitos investimentos na África tenha possibilidade de transformar qualquer país daquele continente no seu quintal. A globalização é uma realidade, mas mesmo com seus vizinhos asiáticos os chineses enfrentam problemas. Com toda a precariedade de muitos países africanos, há condições para manter a sua independência que conquistaram de suas antigas metrópoles, processo no qual tive a oportunidade de dar uma pequena ajuda. Ninguém tem mais condições de ser um neocolonialista, muito menos o Brasil.

    Paulo Yokota

  3. Angelina J. Gonçalves
    3  escreveu às 13:04 em 27 de junho de 2012:

    São estarrecedores alguns comentários que andei lendo no Ásia Comentada. Realmente, são necessários pesados investimentos em educação no Brasil.

    Yokota, o senhor foi genial ao criar este site, que apresente uma linguagem simples e, assim, acessível a todos. Não desanime com determinados internautas.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 18:34 em 27 de junho de 2012:

    Cara Angelina J. Gonçalves,

    Obrigado pelos comentários. Mas, a internet é democrática e mostra que muitos visitantes estão, mesmo ignorando muitos aspectos relacionados com os assuntos internacionais, procurando expressar suas opiniões. É evidente que o nível educacional está abaixo do desejável, mas já conseguimos algumas coisas com a nossa população, e na medida em que formos capazes de melhorar a educação, temos todas as condições para conquistar estágios superiores de padrão de vida.

    Paulo Yokota


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