Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ásia Prejudicada Pelo Ocidente

20 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

Jaswant Singh é uma das mais credenciadas personalidades indianas que pode fazer uma boa análise como a que foi distribuída por Project Syndicate com o título The Ill Wind from the West (O vento mal que vem do Oeste), por ter sido ministro da Fazenda em dois períodos, ministro das Relações Exteriores e ministro da Defesa da Índia. Ele afirma que muitos asiáticos imaginaram que a Ásia tinha se descolado do Ocidente, há quatro anos, quando registraram um robusto crescimento. No entanto, os problemas Europeus e a lenta recuperação dos Estados Unidos afetam a todos, de formas diferentes. Muitos asiáticos culpam o Oeste, mas também as dificuldades de efetuar suas reformas internas são igualmente responsáveis, senão as mais cruciais para o crescimento da região, segundo o autor.

Destacando a Índia, ele considera que os fluxos dos investimentos do exterior secaram naquele país, não pelas condições mundiais. Mas decorrem da perda de confiança do exterior na economia local, com os problemas inflacionários de dois dígitos, metade dos indianos vivendo abaixo da linha de pobreza, reformas na economia somente anunciadas pelo governo, e a corrupção minando o dinamismo do setor privado.

Jaswant-Singh

Jaswant Singh

Segundo o autor, a China também está enfrentando problemas, com medo da desaceleração e elevação dos seus salários. As suas autoridades monetárias estão reduzindo as taxas de juros, e a depreciação de sua moeda está ajudando a manter a sua exportação. Mas as cifras de suas importações mostram que as empresas chinesas estão investindo menos nos novos equipamentos, e a economia chinesa deve desacelerar-se mais ainda.

Do ponto de vista político, os chineses e indianos são opostos, mas nos problemas estruturais existem paralelos. As autoridades se comprometeram com reformas, a China antes da Índia, mas ambos avançaram pouco nestes aspectos, principalmente no sentido da descentralização. Apesar das decisões governamentais dos hindus, as reformas se perderam na burocracia consolidada. Os chineses mantiveram a centralização política, e as descentralizações para as autoridades locais provocaram seus próprios desequilíbrios, segundo o autor.

A China está sendo obrigada a mudar as suas exportações para o consumo local, e a Índia ainda conta com os investimentos externos e a exportação dos seus serviços. Os chineses estão expondo seus aspectos patológicos, como com o caso de Bo Xilai.

Os outros países asiáticos também apresentam problemas estruturais, como o Vietnã que enfrenta uma inflação de 20% ao ano, a Tailândia envolvida nos seus problemas políticos, o Japão encontrando-se estagnado. Situações como os que se observam na Europa, notadamente na Grécia, também ocorrem na Ásia, com as suas populações confrontando as autoridades locais pelas suas responsabilidades.

Existem algumas ideias ousadas na Ásia, como as tentativas de criar uma área de livre comércio envolvendo a China, a Coreia e o Japão. Segundo o autor, a Índia deveria se mirar nestes esforços, procurando promover algo semelhante com alguns dos seus vizinhos. Os asiáticos precisam tomar iniciativas para suportarem os maus ventos que vêm do Ocidente.

Os problemas que o autor está identificando na Ásia parece também encontrarem situações semelhantes em alguns países da América do Sul.


2 Comentários para “Ásia Prejudicada Pelo Ocidente”

  1. Jayme Calabria
    1  escreveu às 15:02 em 21 de junho de 2012:

    Sou um fã da cultura japonesa e praticante de Kendo. Apaixonei-me pelo ÁSIA COMENTADA, que é uma fonte excelente de consulta para os admiradores do Japão.

    Por fim, gostaria de parabenizar o NIPPON por conquistar todas as medalhas de OURO no recente Campeonato Mundial de Kendo. Como é bom ter atletas como Susumu Takanabe e Yoko Sakuma.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:53 em 21 de junho de 2012:

    Caro Jayme Calabria,

    Muito obrigado pelos comentários.

    Paulo Yokota


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