Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Especulações Sobre as Reformas Chinesas

30 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

A.Greer Meisels é do Center for the National Interest, especializado em China e Pacífico, e publicou o seu artigo no The Diplomat dizendo que os líderes chineses estão se manifestando sobre as reformas necessárias, aprendendo do exemplo da desagregação da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e da Rússia. Aponta o fato que, nas vésperas da passagem da liderança chinesa para a quinta geração de dirigentes, tanto o presidente Hu Jintao como o premiê Wen Jiabao fazem repetidos pronunciamentos no mesmo sentido.

Segundo a autora, que evidentemente tem uma posição crítica com relação à China, os atuais ventos não são favoráveis para o Partido Comunista Chinês que procura construir uma sociedade harmoniosa, mas vê multiplicar as manifestações populares insatisfeitas com diversos aspectos. Os líderes chineses têm a consciência que precisam contar com o suporte da opinião pública chinesa que legitimem o seu regime, e, aprendendo as lições russas, tentam estimular as reformas para proporcionar maior flexibilidade para o país.

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A.Greer Meisels, Hu Jintao e Wen Jiabao

Segundo ela, três aspectos estão sendo destacados pelos analistas chineses sobre as dificuldades russas que precisam ser evitadas pelos chineses: a culpa dos homens, a culpa do sistema e a culpa do Ocidente que lhe faz oposição. Na culpa dos homens, atribuem a Mikhail Gorbachev as dificuldades do revisionismo russo, ao mesmo tempo em que a corrupção prejudicou o país, e fazem paralelos com o que acontece na China. A China enfrenta também problemas como os de Bo Xilai.

No que se refere à culpa do sistema, os chineses mais liberais ou reformistas entendem que não se trata de um colapso do sistema socialista, mas como ele foi executado na Rússia. Eles culpam as causas internas como a estagnação econômica, má gestão, dogmatismo excessivo, entre outros problemas. Deng Xiaoping teria introduzido mais reformas que ajudaram manter os seus seguidores no comando, que parecem prevalecer no país atualmente. Quanto a culpar o Ocidente, a autora identifica uma tendência que atribuem aos norte-americanos às políticas que visam influenciar a região, como aparecem em alguns jornais chineses, inclusive de Hong Kong.

As diversas facções que existem na China acabam determinando uma nação que convive com a diversidade, procurando efetuar reformas que reforcem as preocupações sociais, como a de saúde, de previdência, garantia de condições mínimas. Aprendendo com os problemas russos, deixam a ortodoxia marxista-leninista para caminhar para um novo socialismo.

O que parece possível de ser identificado é que estes problemas não são somente da Rússia ou da China. Todos os regimes que procuram ser perpetuar no poder acabam gerando tensões, se não introduzirem reformas que permitam atender as demandas da população, como vem se observando nos países que não são socialistas. Com a melhoria do padrão econômico e social, as sociedades tendem a aspirar por mais liberdade, inclusive política, não permitindo que o poder seja monopolizado por um grupo e seus descendentes.

Ainda que não sejam exatamente os modelos ocidentais, com base na revolução norte-americana e francesa, acaba se exigindo um que tenha uma razoável eficiência econômica, atendimento às necessidades sociais, e uma razoável convivência política de grupos que pensam de formas diferentes.



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