Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Importância de Algumas Palavras Como “Só”

13 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Folheando os jornais e observando os demais meios de comunicação social, nota-se a importância de determinadas palavras como o “só”. De um lado, a presidente Dilma Rousseff, diante de um crescimento modesto do PIB brasileiro, numa cerimônia com adolescentes teria afirmado que “uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e para seus adolescentes, não é pelo PIB”. A colocação foi registrada em variados veículos. Mesmo admitindo que se tratasse de uma força de expressão, ela teria sido mais feliz se utilizasse o “só” pelo PIB.

Em outra notícia totalmente diferente, diante da redução do crescimento da economia chinesa, a imprensa noticia que ela cresceu “só” 7,6% no segundo trimestre. Para os que estão acostumados com análises que vão além da retórica, sabem que este “só” poderia ser dispensado. Um crescimento desta magnitude é expressivo para uma economia da dimensão chinesa ou de qualquer outra, qualquer que seja o seu nível de renda per capita, atualmente como no passado. Os que atuam na economia trabalham exageradamente com as expectativas, e esperavam algo em torno de 8%, que era uma evidente redução diante do que a China vinha obtendo nos últimos anos.

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Já postamos neste site que o PIB brasileiro deverá crescer um pouco mais no segundo semestre e no próximo ano. No passado, depois da Segunda Guerra Mundial, quando alguma autoridade brasileira ousava colocar como meta um crescimento de 7% ao ano, os analistas achavam que se tratava de mera retórica, sendo quase impossível atingir patamares deste nível. Somente na década de 1970 é que, por um período relativamente curto, conseguiu-se ultrapassar esta meta, com muitas dificuldades e intenso trabalho da população com uma orientação racional das autoridades.

Como a China vinha obtendo crescimentos de dois dígitos, e a redução para patamares em torno de 8% ou abaixo provoca efeitos deletérios sobre a economia mundial, que passou a depender fortemente do crescimento das economias asiáticas. Como o mundo está globalizado, as dificuldades dos Estados Unidos, da Europa e do Japão podem resultar em crescimentos menores na China, mas ainda continuam os mais elevados do mundo.

É evidente que o Brasil vem alcançando resultados que não eram esperados por muitos profissionais competentes em crescimento econômico, com uma sensível melhoria na distribuição de renda, ampliação do mercado interno, além de muitas melhorias no segmento da inclusão social. Mesmo com um crescimento mais modesto, ele se efetua com o aumento do respeito pelo meio ambiente e consolidação do sistema político e democrático. Pode estar ainda abaixo da expectativa de muitos analistas que não possuem a experiência da responsabilidade pelo governo, bem como contar com melhor comunicação e gestão.

Hoje, ampliam-se muitos indicadores de desenvolvimento que vão além do econômico, mas este aspecto também continua importante, pois proporciona melhores condições para avanços nos demais objetivos. Não se pode consumir o que não foi produzido, pois isto leva a um endividamento que torna o desenvolvimento no longo prazo insustentável, e os aperfeiçoamentos em outros setores demandam recursos.

Um dos importantes aspectos deste desenvolvimento é a melhoria na comunicação social, que na medida do possível não deve ser meramente emocional, devendo-se basear em fundamentos concretos, principalmente numa sociedade democrática. Todos querem participar das decisões relacionadas aos destinos do país no futuro, e ficar na superficialidade da compreensão estimulada pelas velocidades e informações sintéticas não parece a melhor solução. Os responsáveis pela comunicação social precisam se preocupar com estes aspectos, pois desempenham um papel fundamental na educação de toda a população.



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