Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reforma Chinesa Para Baixar o Custo da Saúde

3 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde, webtown | Tags: , , ,

A China está concentrando a reforma do seu sistema de saúde na redução do uso de medicamentos. Um interessante artigo publicado por Shan Juan e Wang Qingyun, publicado no China Daily (Xinhua), informa sobre os primeiros resultados que estão sendo obtidos em todos os hospitais públicos do próspero sul do país, em Shenzhen, e um em Beijing. A reforma visa a melhoria da qualidade dos serviços médicos e a redução dos gastos em medicamentos. Ma Xiaowei, vice-ministro da saúde, deu a informação ao visitar o Hospital da Amizade de Beijing (Beijing Friendship Hospital).

Os hospitais públicos da China, como muitos no Brasil, começaram a obter resultados econômicos com a venda de medicamentos, após o corte dos subsídios governamentais. Como resultado, os médicos tendiam a prescrever excessivamente medicamentos até os desnecessários, fortalecendo suas relações com os pacientes. No caso brasileiro, os laboratórios concentram suas atenções publicitárias nos médicos para prescreverem seus novos medicamentos, inclusive com a concessão de viagens para os congressos científicos, ao mesmo tempo em que as redes de farmácias se multiplicaram como não se vê no resto do mundo. No Japão, os medicamentos eram fornecidos pelos hospitais, na quantidade necessária, mas recentemente os receituários são encaminhados para as farmácias próximas das residências dos pacientes. No Brasil, muitos hospitais só fornecem embalagens completas, inclusive de materiais hospitalares, quando os pacientes necessitam somente de alguns comprimidos ou partes delas.

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Mulher sai com medicamentos adquiridos no Beijing Friendship Hospital. Foto: Li Wen / Xinhua

Para compensar esta perda dos hospitais com os medicamentos, os custos das consultas estão sendo elevados, inclusive com taxas de serviços prestados. As consultas no passado custavam o equivalente a US$ 2,00, e passaram a ser entre US$ 8 a 15,00, sendo que o seguro público de saúde reembolsa pouco menos de US$ 8,00. Muitos pacientes estão se encaminhando para os atendimentos ambulatoriais.

Antes, 50 a 60% das receitas dos hospitais vinham da venda dos medicamentos, mas informa-se que as prescrições passaram a ser mais racionais. Os pacientes ainda não estão seguros das vantagens, pois sabem que gastam mais com as consultas, e menos com os medicamentos, mas os preços das consultas dependem das especialidades. Os medicamentos de uso contínuo parecem proporcionar maiores vantagens.

Quaisquer que sejam os resultados, os brasileiros precisam considerar que existem alternativas ao que está sendo utilizado no país, inclusive medicamentos genéricos, pois tudo indica que há também no Brasil um exagero no uso de medicamentos, ao mesmo tempo em que as remunerações pelas consultas são ridículas, tanto no sistema SUS como nos planos de saúde privados.

O problema da saúde é universal e até nos Estados Unidos está sendo objeto de grandes debates políticos. Quando as populações são gigantescas, as restrições na capacidade de atendimento acabam gerando filas, fazendo com que os menos favorecidos acabem falecendo nas esperas.



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