Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Uma Nova Visão Europeia do Mundo

24 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Dominique Moisi é fundador do French Institute of International Affairs, professor do Institute d’Etudes Politiques e autor do livro The Geopolitics of Emotion: How Cultures of Fear, Humililiatin, and Hope are Resharping the World. Ele publicou o seu artigo “Como o Ocidente está se restabelecendo” (tradução livre) no Project Syndicate, cujas considerações merecem atenção. Todos sabem que a China, que ganhou notoriedade nas últimas décadas, já teve no final do século XIX e começo do XX um grande prestígio entre os intelectuais europeus, mas também apresenta seus pontos de vista aproveitando a sua arte elaborada no passado.

Já comentamos neste site a influência dos jesuítas na arte japonesa, que perdura até hoje, e o mesmo aconteceu em outras localidades como Macau, na China. Moise refere-se a uma prestigiosa exposição chinesa apresentada em Londres em 2005 na Royal Academy of Arts, que representa o que melhor expressa a cultura chinesa. O principal e gigantesco quadro do evento, de inspiração nas técnicas dos jesuítas, mostrava emissários ocidentais pagando respeito ao imperador chinês.

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Dominique Moisi

Dominique Moisi reconhece que no mundo atual a China tende a se tornar a maior economia do mundo, e o principal emprestador de recursos como potência emergente. Mas, mesmo nas atuais dificuldades, ele registra que a Europa lentamente começa a tomar medidas para enfrentar o desafio asiático, quando muitos países emergentes começam sentir os efeitos da crise europeia.

Os investidores globais começar a fazer os seus hedges, considerando a expansão em diversos continentes e culturas, inclusive na América Latina e na África. O mundo árabe também faz a sua revolução. O Ocidente de hoje é diferente do histórico, segundo o autor, e a Europa que contava com 20% da população mundial no início do século XVIII deve contar somente com 10% em torno de 2050.

Os Estados Unidos que se vinculavam muito com a Europa voltam-se para o Oeste, relacionando-se com o Japão e a Ásia, ao mesmo tempo em que recebe as influências dos imigrantes de diversas origens, acentuadamente da América Latina.

Segundo ele, há uma fragmentação do Ocidente, mas não se trata somente dos problemas da segurança e interesses comuns, mas de cultura. E ainda que seja prematuro, ele acredita que vai se registrar um retorno para o Oeste no mundo. Ele deposita grande esperança no posicionamento de Mario Monti, da Itália, que entende que os europeus viveram além dos seus recursos materiais, mas se voltam para os seus meios intelectuais, espirituais e éticos.

Parece que a sua compreensão da China é adequada, no sentido que eles não possuem pretensões imperialistas, mas de assegurar o seu abastecimento, mantendo-se a integridade do que consideram parte do País do Meio.

Isto, segundo o autor, levaria a um mundo mais equilibrado, num mundo multipolarizado, onde o Ocidente não mais dominaria o universo. A modéstia ocidental tenderia a levar a China para uma posição mais estabilizadora, menos arrogante e menos confiante no seu próprio sistema político e social.

No mínimo, isto corresponde também a uma interpretação que parece prevalecer em alguns círculos chineses, que vem sendo expresso pelos seus líderes que se preparam para a passagem para uma nova geração de mandatários.



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