Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist Repensando a Economia do Bem-Estar

8 de setembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 2 Comentários »

Em dois artigos de peso, o primeiro como um resumo e espécie de editorial, a revista inglesa The Economist, certamente entre as mais influentes do mundo, faz um vasto apanhado sobre as medidas que denotam que muitos países asiáticos caminham para a Economia do Bem-Estar. Faz um paralelo com o que aconteceu no Ocidente, quando alguns dos seus países possuíam o nível de renda atuais dos asiáticos, e com base nas experiências ocidentais recomendam cuidados que devem ser observados. Muitas das mesmas atenções podem ser feitas com relação ao Brasil, mencionado somente de passagem no artigo, que parece ter se adiantado na redução da pobreza absoluta e no estabelecimento de uma adequada rede de proteção para a sua população, cujos custos não são desprezíveis, e resulta uma elevada carga tributária.

Os artigos referem-se à próxima revolução asiática, que impressionou o mundo com o seu recente dinamismo econômico. Tudo indica que muitos países asiáticos que caminham para a constituição do Estado Previdência, e a revista indica que podem aproveitar as lições deixadas pelas experiências ocidentais. Faz menção ao Brasil de passagem, mas existem alguns paralelos que podem ser aproveitados para o caso brasileiro, que não foge muito à regra geral.

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O artigo menciona que, com a melhoria econômica, a população asiática está pressionando por melhores pensões públicas, seguro nacional de saúde, subsídios para os desempregados e outras proteções sociais. Estão saindo do simples objetivo de crescer economicamente para cuidar do bem-estar da população, como foram obtidos por muitos europeus, que agora enfrentam problemas para a sustentação de suas economias.

Cita o caso da Indonésia que está prometendo para 2014 o maior sistema nacional de pagamento único de saúde, que aparenta ser semelhante ao SUS – Sistema Único de Saúde do Brasil. A China ampliou o sistema de previdência para 240 milhões de rurícolas, o que parece também com o que já ocorreu no Brasil, ainda que os números de beneficiários sejam menores. Na Índia, 40 milhões de famílias recebem um salário mínimo até 100 dias de trabalho e ampliou o seguro de saúde para 110 milhões de pobres, o que aparenta algo como a Bolsa Família do Brasil, evidentemente beneficiando populações menores.

O artigo menciona que estas conquistas no estabelecimento de rede de proteção na Alemanha e na Inglaterra se realizaram ao longo de meio século começando pelo básico, e que estão sendo feitas em poucas décadas pelos asiáticos. Não mencionam que elas já foram feitas no Brasil e que têm sido um instrumento eficaz na eliminação da pobreza absoluta e melhoria da distribuição de renda, ainda que criticada pelos mais liberais, implicando em tributações pesadas. Advertem que o envelhecimento da população gera problemas com os elevados déficits orçamentários, e citam que o Brasil conta com sistemas comparáveis com os dos desenvolvidos, mas que de fato não atendem aos mais necessitados, e possuem serviços da qualidade do terceiro mundo.

O artigo cita que os governos asiáticos estão conscientes destes problemas, mas mencionam que Cingapura, que é um País Cidade e conta com o custeio público de somente um quinto do PIB, sem mencionar a sua dimensão minúscula. No entanto, o artigo admite que existe espaço para melhorias significativas, advertindo que o envelhecimento da população complica os problemas, aumentando os dependentes dos que estão na ativa e que a dimensão geográfica dificulta os atendimentos sociais, com regiões que se encontram em estágios diferentes de desenvolvimento. Mas, recomendam três princípios gerais.

A primeira seria maior atenção com as promessas a serem feitas, pois a maioria das pensões ocorre precocemente, ainda que muitos tenham condições para trabalhar por mais tempo. O segundo seria o cuidado nas concessões das ajudas, que tendem a beneficiar os mediamente necessitados, apresentando uma regressividade, deixando de atender os realmente pobres. E, finalmente, recomendam flexibilidade e inovações, como a possibilidade de terceirização de alguns serviços públicos.

O que se observa pelos dados apresentados pelo The Economist é a existência da eficácia destas atividades de suporte social, com as dimensões geográficas dos países. Os de menores extensões possuem condições avantajadas para o atendimento de suas populações, notadamente no que se refere aos serviços de saúde.

Pode-se atribuir esta condição geográfica também à maior possibilidade de cobrança dos dirigentes pela população. No caso brasileiro, a concessão de um subsídio tipo Bolsa Família acabou se vinculado à frequência escolar dos filhos, procurando atingir simultaneamente dois objetivos.

Como reconhece o The Economist, cada caso é um caso, dependendo de sua história e da cultura que se consolidou em sua população. Parece que não se pode desprezar os valores que foram incutidos como a importância à educação, prestígio dos mais idosos bem como a organização social, inclusive pela filosofia de suas religiões.


2 Comentários para “The Economist Repensando a Economia do Bem-Estar”

  1. The Economist Repensando a Economia do Bem-Estar » Asia … | Info Brasil
    1  escreveu às 17:45 em 8 de setembro de 2012:

    […] See the article here: The Economist Repensando a Economia do Bem-Estar » Asia … […]

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 19:06 em 9 de setembro de 2012:

    Obrigado pela citação.

    Paulo Yokota


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