Conjunto Musical Nipo-Brasileiro num Artigo do Japan Times

18 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: MDG focalizado no The Japan Times, temas relacionados com a vida deles, um dos muitos conjuntos que nasceram na comunidade nipo-brasileira na região de Nagoya

Num artigo de Trevor David publicado no The Japan Times focaliza-se um conjunto musical hip-hop denominado MDG – que vem de mundrungo, que se refere à população da rua. Constituído há mais de seis anos em Nagoya por Shinosuke Eder Sugai, Rafael Abe e Khalil Osawa, utilizando somente os seus primeiros nomes. Cantam em português, japonês e inglês temas relacionados com a vida cotidiana dos mais de 50.000 brasileiros que vivem na região de Nagoya, na província de Aiichi, no Japão.

Evidentemente influenciados pelo reggae, tocam no ritmo brasileiro, utilizando instrumentos como o berimbau, o pandeiro e a cuíca, não se considerando engajados em políticas, mas reportando o que é a vida na rua dos brasileiros da região. Existem outros conjuntos semelhantes como o Criolo e o Emicida, mas eles parecem mais engajados, segundo o autor.

Khalil, Shin e o DJ Rafa do MDG, que se apresenta em Nagoya. Foto: Trevor David

Este conjunto MDG toca em alguns eventos da região e regularmente em alguns restaurantes, como um hawaiano que tem música ao vivo. Mostra a sua diversidade, tanto na influência como no repertório, incorporando um ritmo brasileiro, com uma coreografia variada. Acaba havendo um diálogo com a plateia.

O conjunto muda de componentes, na medida em que alguns necessitam deixar o Japão, mas procura manter a mesma estrutura. Isto acontece com muitos conjuntos de brasileiros que se consolidaram no exterior, contando com um mercado para os seus trabalhos.

Adiciona uma contribuição de suas culturas ao clima um tanto conservador de Nagoya. Eles se conheceram num parque quando praticavam skate, e procuram refletir como vivem estas populações de brasileiros no Japão.

Muitos destes grupos estão atraindo a atenção internacional. Khalil explica que variam de temas e focos dos ritmos, tentando produzir o que acham bom do ponto de vista musical. Acabam refletindo o estilo de vida dos brasileiros no Japão de hoje, com muita união, humildade, respeito, amor e amizade. É isto que chamam de MDG.

Todos os instrumentos que utilizam acabam trazendo uma lembrança do samba, combinado com o hip-hop, a influência do raggae e o contexto da vida no Japão, que, segundo o autor, acaba produzindo um “sound” único. Existem alguns números que são mais conhecidos, como o “Click Clack” e o “Simples Momento”, mas sente-se o diálogo positivo e respeitoso, que traz também uma lembrança da África.