Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Delicadas Colocações da Imprensa Financeira Internacional

18 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Como exemplo, o artigo publicado pelos jornalistas Boris Korby e Benson Drew no Bloomberg sobre o atual crédito ao Brasil, classificando seus bonds como os mais perigosos entre os dos BRICS, podem ser considerados no mínimo indelicado ou parcial, aparentando estar elaborado pelo fígado e não pelo cérebro. Eles afirmam que não receberam respostas dos assessores de imprensa da Vale, Odebrecht e Petrobras aos e-mails enviados para comentarem a situação. Parece natural que as empresas brasileiras aproveitem a situação presente, onde existe uma grande liquidez, e os títulos das empresas brasileiras gozem de juros baixos e proporcionem prazos longos.

As políticas adotadas pelos países desenvolvidos, na tentativa de elevar seus níveis de atividade, ampliam a disponibilidade de recursos, provocando condições favoráveis para a renovação de empréstimos, principalmente os de vencimentos próximos e juros mais baixos. Não há dúvidas que um dia estas políticas podem voltar a elevar os seus juros, mas não se sabe quando, e tudo indica que não será no futuro próximo. Evidentemente, os que efetuaram investimentos de longos prazos, com juros modestos, podem enfrentar situações diversas às atuais.

bloomberg-logo

Muitos que estavam envolvidos com as aplicações financeiras no Brasil usufruíram os juros elevados, e não tinham sofrido com as desvalorizações cambiais que foram promovidas recentemente. Parece evidente que a comunicação das autoridades e empresas brasileiras com o mercado internacional não tem sido intensa, e muitos procuram conhecer as tendências futuras, sobre as quais não possuem indicações mais precisas.

Parte da imprensa especializada nestes segmentos financeiros internacionais, que usufruiu parcela dos benefícios passados, também se sente prejudicada. Mas, na nova economia no mundo globalizado, estas flutuações se tornaram normais, e sempre o foram no mundo especulativo. Se eles proporcionam lucros, estão sujeitos a riscos. O Brasil deixou de ser o único “peru disponível fora do Natal e no Dia das Ações de Graças”, como afirma o ex-ministro Delfim Netto. Não paga mais juros elevados, e o câmbio pode apresentar flutuações, notadamente dentro de uma faixa, adicionando riscos.

As ações das autoridades brasileiras como as dos operadores das suas empresas no mercado financeiro internacional tendem a comportamentos pragmáticos, pois tanto os Estados Unidos, a Europa como a Ásia continua apresentando problemas na sua recuperação, que vai se fazendo dentro do possível, sujeita às mudanças eleitorais.

Os riscos não são exclusivos dos mercados emergentes dos BRICS. As políticas econômicas adotadas ainda não resultaram nas recuperações esperadas e ainda continuam sujeitas às chuvas e trovoadas. Mas tudo indica que o mundo emergente continua com possibilidades de melhores resultados do que as economias industrializadas.

Deve-se reconhecer a importância dos meios de comunicação especializados nos mercados financeiros. Não parece conveniente que eles dificultem a compreensão dos problemas, mais do que já naturalmente são complexos.



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