Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Grandes Confusões de Analistas do Setor Financeiro

24 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Rucher Sharma é o chefe do setor de Mercados Emergentes e Macro Global do Morgan Stanley Investment Management e escreveu o seu artigo sobre a quebra dos BRICS no Foreign Affairs, que acaba chamando a atenção de muitos leitores dada à importância deste site. Ainda que existam informações interessantes sobre as dificuldades que vêm sendo enfrentadas por muitos países de grandes dimensões considerados emergentes e agrupados na sigla BRICS, sua análise parece englobar alhos e bugalhos, mostrando toda a frustração de analistas envolvidos com os segmentos financeiros, muitos que acreditaram que a simples inclusão nesta sigla provocaria, com um passe de mágica, o seu desenvolvimento. Muitos operadores devem ter perdido com suas aplicações financeiras nos papéis destes países.

Ele se baseia num levantamento efetuado pelo conhecido economista Dani Rodrik, de Harvand, mostrando que das 180 economias acompanhadas pelo FMI – Fundo Monetário Internacional somente 35 são de países desenvolvidos. Apesar das esperanças de muitos países emergentes, desde o final da Segunda Guerra Mundial, as diferenças das rendas per capita em 2011 voltaram ao que eram em 1950. Mas, o seu longo artigo, mistura pequenos países como Cingapura, Taiwan, Hong Kong ao lado de gigantes como a China e a Índia, acabando por dificultar a compreensão dos problemas que estão sendo enfrentados, que diferem substancialmente de um país para outro. Ele se prende somente à renda per capita, mostrando que não há diferenças entre democracias e países autoritários. A única conclusão que parece ser possível é que agrupar países tão diferentes pouco esclarece sobre a compreensão dos seus complexos problemas de desenvolvimento.

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Todos sabiam que a sigla BRICS nada tinha em comum, a não ser economias emergentes de grandes dimensões. Suas histórias são diferentes, bem como as formas de suas administrações, tratando-se de povos com etnias e culturas diversas. Ainda que algumas, como a chinesa, tenham alcançado uma aceleração do seu desenvolvimento recentemente, já acusam redução do seu ritmo que poderá continuar a baixar nos próximos anos. Comparar com pequenas economias que tenham se comportado como “tigres asiáticos” parecem fazer pouco sentido.

Os períodos considerados também apresentam diferenças, como nos períodos logo depois da Segunda Guerra Mundial com a atual globalização. Generalizar que todos não conseguiram sustentar processos de desenvolvimento por períodos longos parece ser uma simplificação exagerada, sem considerar as razões que determinaram diferentes comportamentos.

Todos sabem que estes processos são datados, ou seja, os que chegaram ao desenvolvimento antes dos demais acabam gozando de algumas vantagens que necessitam ser superadas pelos que chegaram depois. A forma de intervenção na economia também se alterou, pois não se imagina que o mercado proporcione por si só condições para reduzir as diferenças, que são também desiguais dentro da população como das regiões.

As políticas econômicas acabam sendo uma arte, com a utilização de alguns conhecimentos econômicos e políticos, dependendo de um elevado número de fatores que influem de forma diferente. Tudo indica que o exame caso a caso pode determinar o que é possível em cada economia, de forma extremamente pragmática, lembrando que outros valores também acabam sendo perseguidos simultaneamente.



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