Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desafios Brasileiros Segundo O Estado e O Globo

6 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Numa cooperação entre os jornais O Estado de S.Paulo e O Globo, estão sendo publicados os suplementos que procuram aprofundar as análises setoriais dos principais desafios brasileiros. Nesta última segunda-feira, publicou-se o terceiro caderno que cuida das novas fontes de energia para o crescimento e da economia verde. O Brasil conta com uma matriz energética privilegiada, com 80% proveniente de fontes renováveis. Mas ela está se localizando cada vez mais a longas distâncias, e com um sistema nacional interligado, nem sempre adequadamente gerenciado, vêm ocorrendo “apagões” que a torna pouco confiável.

Novas fontes de energia, principalmente as que preservam o meio ambiente, como a eólica e solar, estão se ampliando, ainda sem um incentivo adequado. As que utilizam combustíveis fósseis acabam redundando em custos elevados e seus impactos ambientais são negativos. A produção de gás está apresentando tendência a crescer, mas o Brasil ainda não conta com um sistema adequado para a sua distribuição, e ainda continua vinculado à Petrobras, mais centrada no petróleo.

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Os dados brasileiros mostram que em 2011 a matriz energética contava com 83,4% da hidráulica. Mas os atuais e futuros potenciais estão localizados na Amazônia, a longas distâncias dos centros consumidores. E as novas usinas potenciais apresentam resistências dos conservacionistas, pois acabam inundando áreas de outros usos, como reservas florestais ou indígenas. A sua transmissão para os grandes os locais de consumo exige cuidados redobrados, pois acaba passando por áreas tropicais de intensas atividades atmosféricas, como trovoadas e grandes precipitações.

Os desníveis existentes na Amazônia também não são expressivos, contando com um baixo potencial ou exigindo grandes áreas inundadas. A disponibilidade de água também é concentrada nos períodos de chuva, não podendo se contar com um completo sistema de represas, como se dispõe no Centro Sul do país.

As usinas atômicas se tornaram difíceis de serem aceitas pela população depois dos recentes acidentes como o de Fukushima, no Japão, fenômeno que é universal. O gás apresenta elevada potencialidade, mas atualmente o seu controle fica com a Petrobras, que está focada na geração dos recursos indispensáveis para os projetos petrolíferos.

O pré-sal apresenta uma grande potencialidade tanto de gás como de petróleo, mas as profundidades, tanto das lâminas de água como das perfurações até chegar às reservas, exigem ainda grandes aperfeiçoamentos tecnológicos, que começam a ser estudados. Os investimentos indispensáveis são expressivos e o Brasil ainda não conta com um parque produtivo de equipamentos e embarcações no volume indispensável.

Existem elevadas potencialidades, tanto na energia eólica como solar, mas ainda os seus custos são relativamente elevados, quando considerados os volumes indispensáveis, bem como as transmissões e armazenamentos necessários.

O caderno trata também dos veículos elétricos, mas os esforços brasileiros vieram sendo concentrados nos flex-fuel, que combinam o etanol e a gasolina, diferente do resto do mundo. Começam as tentativas de outros aproveitamentos como o das ondas e das marés, mas ainda num estágio inicial.

O fato concreto é que as energias, notadamente de derivados de petróleo e do etanol, acabaram sendo utilizadas para auxiliar no combate às pressões inflacionárias, fazendo com que não sejam competitivas com os padrões internacionais. Em vez de soluções, acabaram virando problemas.

Mas, quando comparado o problema brasileiro com o de outras economias, como a japonesa, constata-se que os problemas energéticos existentes são mais razoáveis de serem resolvidos, o que não tem forçado soluções adequadas.

O preço vem sendo um mecanismo eficaz, notadamente nos desenvolvimentos das técnicas de economia da energia, que acabam sendo a alternativa mais barata que todas as demais.



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