Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Importância da Imigração nos EUA

11 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Um importante artigo de Joseph S. Nye, que além de cargos importantes mantém o título de professor da Universidade de Harvard, foi publicado pelo Project Syndicate. Ele trata da importância dos imigrantes para o desenvolvimento dos Estados Unidos, e constata que os votos deles permitiram a vitória recente de Barack Obama nas eleições. Isto está forçando o Partido Republicano a rever a sua política com relação ao assunto. Ele recorda que houve diversos períodos em que os norte-americanos impuseram restrições à imigração, ainda que seu desenvolvimento se deva em grande parte à sua contribuição, pois os nativos são poucos. Nos períodos recessivos estas tendências acabam se manifestando mais acentuadamente.

Segundo os dados censitários norte-americanos, a sua população deve continuar a terceira do mundo, após a China e a Índia. Em 2050, os brancos não hispânicos terão somente uma ligeira maioria, sendo que os hispânicos serão 25%, os afro-americanos 14% e asiático-americanos 8%, contribuindo para manter o poder mundial dos Estados Unidos. As análises mostram que existe uma forte correlação entre os vistos concedidos para a imigração qualificada e as patentes obtidas pelo país. Os imigrantes chineses e indianos tinham uma participação de um quarto dos empregos no Vale do Silício. Em 2010, das 500 companhias listadas pelo Fortune, cerca de 40% foram fundadas pelos imigrantes e seus filhos.

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Professor Joseph S. Nye

Oitenta e três países no mundo estão com suas taxas de fertilidade abaixo das necessárias para manter a sua população atual. O Japão, por exemplo, necessita de 350.000 imigrantes por ano para somente manter o tamanho de sua população, segundo o autor. E apesar dos esforços governamentais, os resultados almejados ainda não foram obtidos. Mesmo que a contribuição dos imigrantes não seja imediata, havendo problemas de sua integração em todo o mundo, a longo prazo suas contribuições acabam sendo positivas.

Os imigrantes ajudam a manter os relacionamentos dos Estados Unidos com os países de suas origens, como é notório no caso da China, da Índia e da Coreia do Sul. Eles mantêm os relacionamentos com seus familiares e amigos, e suas culturas ajudam a estabelecer vias abertas para a globalização.

Segundo o autor, o observador ex-líder de Singapura, Lee Kwan Yew, argumenta que a China não ultrapassará os Estados Unidos do ponto de vista econômico, pois os americanos continuam atraindo imigrantes brilhantes de diversos países com culturas diversas e muita criatividade, enquanto os chineses os recrutam internamente, com uma cultura centrada na da China. Barack Obama necessita por em prática o que prometeu na campanha, segundo ele.

Fazendo um paralelo com o Brasil, nota-se que por aqui a miscigenação dos estrangeiros é intensa, ajudando a criar uma população criativa, e o país está aproveitando a atual crise mundial para absorver recursos humanos treinados, que não encontram oportunidade de emprego, por exemplo, na Europa. A sua dimensão populacional ainda é baixa, considerando a potencialidade dos seus recursos naturais.

O nível de discriminação no país tende a se tornar mais baixa, com a ascensão de minorias como os afro-brasileiros, criando-se mecanismo para a recuperação da igualdade de oportunidades, que ainda não existe. Observa-se que os imigrantes e seus descendentes, principalmente os asiáticos, empenham-se na utilização da educação formal como mecanismo de elevação do seu padrão econômico. Há muitos aspectos semelhantes aos Estados Unidos, e possivelmente o país não conta com populações radicais que dificultem a integração. Há esperanças que o Brasil também possa atrair recursos humanos destinados ao aproveitamento da sua ampla biodiversidade, contribuindo para a sustentabilidade do mundo.



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