Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Artigo Sobre Educação dos Bebês Mais Consultado no WSJ

28 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Pamela Druckerman é uma norte-americana casada com um inglês e vive na França. Ela escreveu um livro sobre a educação dos bebês, e o seu artigo no The Wall Street Jornal tornou-se o mais consultado em 2012. O mesmo, em inglês, pode ser acessado pelo: http://online.wsj.com/article/SB10001424052970204740904577196931457473816.html#articleTabs=article. O seu título é “Por que os pais franceses são superiores”, referindo-se às suas experiências, que começaram quando foram tirar umas férias na França, onde residem.

Ela relata que, enquanto ela enfrentava dificuldades para controlar o seu filho que fazia uma bagunça na mesa, notou num restaurante que os filhos dos franceses estavam sentados comportadamente. Os pais franceses parecem mais rigorosos na educação dos seus filhos, impondo com mais autoridade regras de comportamento, como alimentação somente em horas determinadas, clara definição dos tempos destinados aos adultos e as brincadeiras com as crianças, não ficando correndo atrás delas. Com as pesquisas mais sistemáticas, foi observando casos concretos que fazem parte do seu livro “Bringing Up Bebe”, decorrentes de suas experiências e discussões com especialistas.

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Este parece um problema que não é somente dos pais norte-americanos, pois os brasileiros também acabam ficando comandados pelos bebês, dada a incapacidade de impor maior autoridade, o que acontece em algumas culturas como dos alemães, ingleses e japoneses. As crianças aprendem com facilidade os limites que precisam respeitar, e quando os pais cedem aos seus desejos com suas manhas, acabam perdendo o controle.

Uma das dificuldades, por exemplo, citado pela autora é que as crianças francesas acabam dormindo a noite toda. Muitas mães não resistem aos naturais choros quando as crianças acordam, mas parece necessário distinguir quando estão com fome ou necessitam de limpezas.

Muitos casos são citados pela autora, como as diferenças de tratamento das crianças quando estão brincando, por exemplo, num parque. Os franceses conhecem os limites, enquanto muitos outros pais ficam correndo sempre atrás das crianças.

A autora observa que as crianças francesas são mais disciplinadas, cumprimentando os outros com um olá, adeus, obrigado, por favor, ainda que existam exceções. Nas aulas, as crianças acabam sendo advertidas com olhares severos quando estão erradas, ficando claro que são os professores que decidem.

Ela observou que também nas visitas de famílias de norte-americanos em sua residência, muito do tempo era consumido nas arbitragens entre crianças, o que não acontecia com os franceses. Na realidade, os pais franceses não tinham medo de dizerem não, o que era mais difícil para os norte-americanos.

Diante das muitas diferenças constatadas, a autora que hoje está com três filhos, entre eles dois gêmeos, procurou entrevistar-se com especialistas de origem norte-americana que tinham experiência na França. Existem muitas pesquisas que foram efetuadas sobre estas diferenças e ela constatou que não era ela que tinha um viés na avaliação pró-francês.

Parece que os franceses conseguem envolver a família, sem se tornarem obsessivos. Eles acham que mesmo bons pais não precisam ficar todo o tempo a serviço dos seus filhos. Eles assistem aos filhos numa série de atividades, estimulando-os, mas não no tempo todo.

As observações da autora foram feitas principalmente com a classe média francesa. Ela acha que os franceses possuem mais serviços públicos voltados às crianças, quando comparado com os norte-americanos, mas isto não explica a diferença. A noção da disciplina parece ser relevante, como a hora das refeições, de dormir, de como se comportar no restaurante, interrupção das conversas entre adultos etc.

Parece que os franceses conseguem adiar as gratificações para as crianças de forma mais adequada, desenvolvendo uma paciência. Os norte-americanos parecem deixar as crianças fazerem o que querem, mas os franceses conseguem impor limites. Não gritam com as crianças, mas falam com autoridade.

Para os que tiverem interesse em aprofundar o assunto, além de consultarem diretamente o artigo de Pamela Druckerman podem se socorrer do seu livro, bem com outros artigos escritos por ela sobre assuntos correlatos.



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