Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cultura de Evitar Desperdícios

18 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Os brasileiros desenvolveram uma cultura própria vivendo num país tropical, abençoado por Deus, que propicia desperdícios diante da abundância que os cercam, sem grandes desastres naturais. Os lixos dos brasileiros estão entre os mais ricos do mundo, com as sobras de contêm, como de alimentos. Os povos que passaram por dificuldades, como guerras, contando com poucos recursos naturais e sofrendo invernos rigorosos tendem a providenciar reservas para os períodos de falta. E os economistas consagrados informam que evitar os desperdícios acaba sendo a forma mais econômica para contar com alguns fornecimentos adicionais, como por exemplo, o suprimento de energia elétrica.

Muitos filhos de imigrantes que são numerosos no Brasil receberam na sua infância lições dos seus pais afirmando que nada deveriam deixar nos seus pratos nas refeições. Entre os japoneses, utiliza-se a expressão “motainai”, que seria indicar que está se desperdiçando o que se produziu com muito sacrifício. Explicaria em parte porque a poupança é elevada no Japão como em diversos países asiáticos, enquanto entre os brasileiros costuma ser baixa, porque a natureza favorece a disponibilidade para a alimentação de amanhã.

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Uma matéria publicada no The Wall Street Journal por Ellen Byron, republicada em português no Valor Econômico, indica que após a crise mundial de 2008 está se desenvolvendo, mesmo entre os ricos, uma nova cultura para evitar os desperdícios. Caros cremes e outros produtos de beleza, bem como toda a ordem de produtos que são utilizados cotidianamente pelos seres humanos, como um simples creme dental, apresentam nos seus tubos desperdícios que vão de 3% a 25%, dependendo da embalagem ou do produto.

Mesmo nos países ricos está se propagando o hábito de aproveitar, de formas variadas, os produtos que vivam nos vasilhames até a última gota, inclusive os de luxo.

Embalagens são cortadas e utilizam-se espátulas para “raspar” os cremes e outros produtos, aproveitamento de tudo que está nestes potes ou tubos. Águas são utilizadas para aproveitar todos os produtos adquiridos. O artigo informa que, segundo levantamentos especializados, os potes de creme desperdiçam de 5 a 10%, pasta de dentes de 3 a 5%, frascos de espremer de 2 a 6%, frascos de xampu de 8 a 10%, chegando a 20 a 25% nos frascos que utilizam bombeamentos.

A energia elétrica no Brasil custa para os consumidores relativamente pouco quando comparados com outros países, mesmo incluindo os impostos. Em países como o Japão, que não possuem grandes hidroelétricas, não possuem reservas de petróleo, a energia atômica sofre restrições diante das contaminações que provocam e suas tarifas de fornecimento são exorbitantes. Acabam-se desenvolvendo técnicas como as chamadas “smart grid” que permitem eliminar os seus desperdícios nas residências, nos edifícios como em toda uma cidade.

A água potável está se tornando um dos elementos mais escassos no mundo, exigindo captações a grandes distâncias, tratamento adequado até aproveitando o esgoto ou a água do mar, transporte adequado até os consumidores. Muitos desperdícios deste precioso líquido ocorrem nos sistemas de abastecimento e nos usos até domésticos, com um reaproveitamento mínimo. Chocam muitos observadores vendo limpezas de rua ou de lixos sendo feitos com jatos de água, sem que sejam utilizadas varreduras.

A reciclagem de muitos materiais ainda é mínima no Brasil, tanto pela falta de colaboração da população como os métodos rudimentares que são utilizados ainda pelas cooperativas de catadores de materiais reaproveitáveis, ainda que esforços estejam sendo feitos. Existem tecnologias que permitem a separação adequada dos diversos plásticos, metais, além da população ter que absorver a cultura de separar os recicláveis dos lixos orgânicos.

Só vamos conseguir avançar nestas práticas quando forem incorporadas na cultura da nossa população, começando das coisas mais simples, até as mais sofisticadas, aproveitando as tecnologias disponíveis e adaptando o que já é feito por outros povos.



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