Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Num Importante Símbolo do Capitalismo

22 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Para quem não é do setor, a venda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, a famosa The New York Stock Exchange, para a sua concorrente ICE – Intercontinental Exchange, baseada em Atlanta, por um valor de US$ 8,2 bilhões é extremamente surpreendente, pois chegou a ser cotado em US$ 108,26 bilhões em 2006. O assunto está explicado num artigo do The Economist, que informa ainda que o atual valor da transação oferece um bom prêmio sobre o seu real valor. Isto mostra o quando as bolsas de valores perderam nas suas rentabilidades nos últimos anos, notadamente depois da crise financeira de 2008.

A ICE é uma bolsa que trabalha mais com produtos, como energia, no mercado futuro e em todo o mundo, algo parecido com a antiga BMF – Bolsa de Mercadorias e Futuro, que já tinha se fundido no Brasil com a Bovespa – Bolsa de Valores de São Paulo. Na realidade, as transações, mesmo em bolsas, ocorrem mais eletronicamente, não havendo mais aqueles famosos gritos nos pregões. Parece que estas mercadorias continuam mais firmes, mas também trabalham com diversos tipos de papéis derivativos, que se multiplicam no mercado, exigindo algumas especializações para a avaliação corretas dos riscos envolvidos, bem como as formas mais sofisticadas para as suas coberturas.

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Bolsa de Valores de Nova Iorque

A Bolsa de Nova Iorque foi formada há 200 anos, quando os comerciantes se reuniam junto a uma árvore chamada buttonwood, em Wall Street, ainda quando o centro da cidade (até agora downtown) ficava na parte extrema da ilha de Manhattan, que ficou inundada com o recente furação Sandy, onde se concentrava também as sedes dos bancos.

Com a melhoria dos sistemas de comunicação, principalmente com a internet, as operações passaram a ser efetuadas eletronicamente, e a ICE localizada em Atlanta, na Georgia, nos Estados Unidos acaba ficando mais conveniente, até por ser um grande centro de transportes aéreos. Muitas empresas que atuam além dos mercados americanos acabam preferindo estas localidades onde muitos custos são mais baixos que em Manhattan.

Na realidade, os investidores institucionais como as organizações que atuam na área da previdência, preferem diversificar seus investimentos em produtos, contratos vinculados às commodities e outros derivativos. Até agora, as mercadorias são cotadas na Bolsa de Chicago nos Estados Unidos, mas também envolvem o mundo todo, como os produtos agrícolas brasileiros. No passado, havia uma espécie de monopólio destas bolsas, mas com a disseminação dos instrumentos eletrônicos tornou-se uma atividade global, que permite o mundo todo operar nestas bolsas.

Estas atividades envolvem 24 horas de todas as empresas envolvidas, pois começam na Austrália, passando pela Ásia e depois pelo Europa até chegar aos Estados Unidos. As ações das empresas já não são os papéis mais negociados e, além dos títulos públicos e mercadorias, existem muitos derivativos que, teoricamente, estão lastreados em direitos creditórios. Tudo isto exige fiscalizações cada vez mais sofisticadas, pois os operadores destes mercados são criativos, inventando operações cujos lastros nem sempre existem.

Nas crises, os volumes daqueles que se arriscam nestes mercados acabam diminuindo, reduzindo as rentabilidades das corretoras e outros intermediários. Ainda que as instituições financeiras resistam a novos controles, os interesses das diversas economias estão acabando por impor controles, até do FMI – Fundo Monetário Internacional e BCE – Banco Central Europeu, além de muitas outras entidades que deveriam fiscalizar as operações, além das auditoras que deveriam ser responsáveis pelas correções dos balanços e outras peças contábeis apresentadas ao público.

Tudo isto passou a ser assunto para especialistas, e os investidores pessoais acabam ficando sujeitos às intermediações de instituições financeiras criativas, mas nem sempre elas operam com critérios morais insofismáveis. Basta dizer que o UBS e o Citibank se envolveram em operações de manipulação do Libor – London Interbank Rate, que são os juros básicos para muitas operações.



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