Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Projeto Chinês de Consolidação do Vale da Música

28 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Ainda que a música chinesa tenha influenciada a do extremo oriente, não se conhece nada do que tenha se tornado um sucesso mundial. Jonathan Kaiman, do The Guardian, escreve de Beijing informando que o governo daquele país pretende consolidar perto daquela capital um centro que não seria somente para a música, como para a gravação, fabricação de instrumentos, escolas de música, e até hotéis de cinco estrelas gastando o equivalente a 2,3 bilhões de libras. O artigo é crítico, mas seria interessante observar também da visão chinesa.

O fato concreto é que os chineses que aperfeiçoaram seus ouvidos ao longo de milênios estão se destacando na música clássica, ganhando concursos importantes em todo o mundo, inclusive no Brasil, notadamente em piano. Eles são importadores de volumosos trabalhos do resto do mundo, havendo produções em Hong Kong e na Índia voltadas somente para atendimento deste mercado, inclusive de filmes de cinema. Parece natural que comecem por utilizar este mercado interno, para terem pretensões internacionais.

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Foto: Corbis, publicado no The Guardian

A música popular chinesa ainda não tem demanda fora do país. O longo período autoritário estimulou as canções nacionalistas ou revolucionárias, como as cantadas pela esposa de Xi Jinping, o novo secretário-geral do Partido Comunista, que não é considerada de alta qualidade. Ainda que mesmo os considerados rudimentares, como o Gangnam, do coreano Psy, que alcançou um sucesso internacional em curto espaço de tempo.

O grande problema que ainda persiste na China é o do pagamento dos direitos de autorias. Muitas músicas, inclusive internacionais, são abertamente utilizadas sem nenhuma preocupação com o pagamento de direitos para seus autores. Com isto, os primeiros autores e cantores chineses ainda estão sendo patrocinados por entidades oficiais ou locais.

Como tudo na China, os números relacionados à demanda são astronômicos, mas sempre será difícil modificar os hábitos que estão profundamente arraigados, que até agora não mereceram as atenções das autoridades locais. Mas, diante das pressões internacionais, alguns direitos intelectuais sobre produtos comerciais começam a ser reconhecidos, ainda que as próprias autoridades pareçam estar estimulando a produções de cópias idênticas às que são produzidos no exterior, com grandes investimentos em pesquisas.

Ainda que a intervenção política na cultura popular possa parecer estranha, se a iniciativa estiver ampliando as possibilidades para atender uma ampla gama de demandas internas, há chances para estas iniciativas, num país em que ainda muitas atividades dependem do suporte dado pelo governo. Demanda que ninguém pode duvidar que existe.



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