Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Relações Sino Brasileira Segundo Sean W.Burges

6 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

As relações da China com os outros países do mundo são sempre polêmicas. Sean W.Burges, canadense, pesquisador sênior do Centro Nacional de Estudos Latino-Americanos da Universidade Nacional da Austrália, publicou um artigo no O Estado de S.Paulo, fazendo sua avaliação do que teria ocorrido na última reunião do Conselho Empresarial Brasil – China. Segundo ele, o Brasil como diversos outros países no mundo tenta fazer frente às exportações chinesas. Ele notou, como muitos analistas críticos ao comportamento da China, sinais sutis que denotam que aquele país tenta transformar o Brasil num país vassalo.

Segundo ele, o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, usou antigas estratégias imperiais e recados indiretos para enfatizar a diferença de forças entre os dois países, falando em mandarim. Segundo o articulista, a mensagem era clara: os brasileiros teriam que se adaptar aos métodos chineses e suas prioridades. Os empresários brasileiros presentes foram sutis na afirmação sobre o protecionismo chinês quando eles reclamam das restrições brasileiras às importações da China.

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                                     Li Jinzhang e Sergio Amaral

O embaixador chinês deixou a entender, segundo o articulista, que a China não alterará a sua política e cabe aos brasileiros conseguirem as condições para competir com aquele país, informando que perseguem a autossuficiência na produção de alimentos. A resposta do ex-ministro Sérgio Amaral teria sido o revigoramento das relações do Brasil com os vizinhos latino-americanos, modelo que não deu resultado.

As colocações pouco diplomáticas do articulista concluem pela necessidade de fortalecimento das relações do Brasil com o Canadá e com a Austrália para estabelecer uma frente única com a China, para estabelecer relações equilibradas. Os chineses teriam uma política de dividir estes países, para conquistá-los, deixando suas importações somente para os produtos de baixo valor agregado. Sem uma integração do Brasil com outros parceiros, os brasileiros seriam empurrados para posições periféricas.

Ainda que existam pontos na apresentação do articulista que merecem considerações, não parece que a radicalização vai permitir um intercâmbio positivo entre o Brasil e a China. Que os brasileiros necessitam considerar os seus interesses procurando os meios para conseguir as melhores condições possíveis, não parece haver dúvidas.

É preciso considerar que o Canadá e a Austrália também estão fazendo o mesmo com a China, tirando vantagem da menor distância para os seus fornecimentos, em prejuízo do Brasil. Não parecem existir colaborações desinteressadas de nenhum dos países, e todos estão no mercado mundial para tirar o proveito máximo para seus interesses nacionais.

Comparando com a China que tem uma história milenar de intercâmbio com o exterior, o Brasil, o Canadá como a Austrália não passam de novos aprendizes, com um máximo de um século na sua história das relações comerciais mundiais. Mesmo considerando as dimensões de sua população, bem como o crescimento econômico recente, em termos per capita ainda os chineses estão em estágios diferentes, e, mesmo assim, com suas dificuldades diante de um sistema político totalmente dominado por um só partido.

Sempre existirão aspectos vantajosos e desvantajosos em todos os países. Uma atitude pragmática parece ser necessária, além do aprofundamento dos conhecimentos, dos parceiros com dos concorrentes, principalmente por parte dos brasileiros. Não parece que ninguém tem condições de estar ensinando muito para os outros, e nem imaginar que os países estão agindo de forma filantrópica, havendo necessidade de humildade para aprender um pouco com as experiências dos outros.



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