Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Crescimento da Economia Chinesa

19 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Em qualquer economia do mundo, mesmo com uma renda per capita ainda modesta e mal distribuída, um crescimento de 7,8% em 2012, dentro de um quadro internacional com grandes dificuldades, deveria ser considerado um resultado excepcional. Foi o que se conseguiu na gigantesca economia chinesa, que tem a maior população do mundo. Algumas bolsas de valores do mundo saudaram este resultado, principalmente porque marcava uma elevação com relação ao conseguido no ano anterior, dando sinais de recuperação da China, que poderia estimular o mundo que ainda se recupera modestamente, ressaltando com esta contribuição a importância das economias emergentes.

Mas todos sabem também, e principalmente os chineses, que existem problemas difíceis que precisam ser enfrentados. As novas lideranças políticas do país se mostram conscientes, clamando por reformas ainda não definidas, pois a distribuição de renda no país não melhorou de forma significativa, e as poluições registradas nos últimos dias exigiram paralisações de algumas atividades. Alguns estudiosos chineses, como a Zhang Monan, pesquisadora em instituições que informam a cúpula política daquele país, publicou no Project Syndicate um artigo sobre os limites do crescimento do consumo interno no país. Importantes correspondentes estrangeiros na China, como Keiko Yoshioka, do Yomiuri Shimbun, o maior jornal do mundo, também apontam os problemas que ocorrem com a força de trabalho daquele país, que vem se movimentando politicamente acima do esperado e cujos salários estão se elevando, deixando alguns produtos não competitivos com outras economias do sudeste asiático.

Zhang-MonanYomiuri_Shimbun

Zhang Monan

Os fatos apontados não chegam a ser fortemente limitantes, mas mostram as dificuldades que precisam ser enfrentadas. Zhang Monan aponta que o crescimento do mercado interno não é suficiente para suportar um desenvolvimento da China, pois a chamada classe média chinesa poderia ser estimada em 130 milhões de consumidores. Isto exigiria a intensificação das pesquisas para manter as indústrias chinesas que não são grandes e competitivas com relação aos países do Sudeste Asiático.

Como nos casos dos países que já atingiram o nível intermediário, as indústrias, além dos serviços, acabam sendo estratégicas, e elas necessitam oferecer produtos com inovações para o mercado interno, que com um crescimento razoável vai continuar tendo a sua importância, como no Brasil. Mas precisam competir com seus próprios produtos no mercado internacional, não se concentrando somente na produção de bens que já foram criados no exterior, e que só são reproduzidos em quantidade, utilizando a mão de obra chinesa, com baixo valor agregado.

Segundo o Asahi Shimbun, as autoridades estatísticas chinesas sabem que a China não vai mais voltar a crescer a taxas de dois dígitos, pois a sua situação mudou radicalmente, continuando com os problemas de distribuição da renda. A China terá menor número de trabalhadores jovens, alem de enfrentar problemas ambientais e de suprimento de energia.

Em 2012, o número dos que estão na faixa dos 15 a 59 anos de idade naquele país diminuiu em 3,45 milhões de habitantes num ano, e que continuará caindo até 2030, mesmo com a mudança da política populacional. Daqui para diante, o governo chinês não poderá manter o seu crescimento com investimentos em infraestrutura e afrouxamentos monetários.

As autoridades regionais estão com suas finanças deterioradas e existem muitos créditos inadimplentes. Algumas empresas investem em energia solar, mas necessitam de subsídios do governo central que se tornam difíceis de serem concedidos. Trabalhadores estão fazendo protestos com os problemas das distribuições de renda. Medido pelo coeficiente de Gini, a distribuição continua abaixo do que seria desejável, com um dos piores do mundo.

Os analistas que se tornam exageradamente otimistas, induzindo especulações nos mercados de capitais necessitam ser evitados, pois estão somente provocando maiores instabilidades, onde poucos lucram e muitos arcam com os prejuízos.



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