Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Interpretação de Michael Pettis Sobre o Momento Chinês

15 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Todos reconhecem que o professor Michael Pettis, da Universidade de Peking entre outros importantes cargos, está entre os mais qualificados para compreender o que está se passando na China. Ele vem sustentando que a economia chinesa só pode manter o seu crescimento promovendo reformas profundas, nos diversos artigos publicados no seu site. E lista uma série de pronunciamentos das novas autoridades no mesmo sentido, mas ainda não ficam claro exatamente quais são as reformas e como serão efetuadas.

Todos sabem que o recente desenvolvimento acelerado por que veio passando a economia chinesa aprofundou as desigualdades, notadamente entre o setor urbano industrial situado na costa leste e o interior rural, bem como entre as pessoas. Que o nível de poluição atingiu um ponto de comprometimento deste desenvolvimento, e que a economia chinesa precisa passar a depender mais fortemente do seu mercado interno, pois o resto do mundo não oferece os estímulos suficientes.

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Michael Pettis                                  Xi Jinping                             Li Keqiang

Michael Pettis relata que a própria imprensa chinesa, fortemente controlada pelo governo, reclama tais reformas, como no Xinhua, órgão oficial que utiliza o China Daily em inglês, e o South China Morning, que é de Hong Kong, fazendo constar os diversos pronunciamentos recentes de Xi Jinping como de Li Keqiang.

Estes pronunciamentos denotam que estes líderes estão conscientes das dificuldades que devem enfrentar com as reformas necessárias, que encontrarão resistências silenciosas dos que gozam dos privilégios que foram proporcionados pelo desenvolvimento, tanto dirigentes das estatais como os muitos novos milionários.

É preciso entender, também, como temos ressaltado neste site, que os chineses residentes no exterior possuem grandes interesses na China, envolvendo-se politicamente sem as restrições existentes no próprio país. Michael Pettis chama a atenção sobre muitas imigrações que estão ocorrendo de milionários chineses que vão para o exterior, bem como o substancial montante de recursos ilegais chineses que estão sendo remetidos para países estrangeiros, apesar de não serem fenômenos somente chineses.

Todas estas dificuldades são frequentes nos países emergentes que passaram e passam por um desenvolvimento. Ainda que sejam problemáticas, as reformas terão que ser enfrentadas, e os diversos pronunciamentos aparentam uma verdadeira campanha para se obter o suporte político necessário.

Mas esta transição dentro de um regime que era fechado do ponto de vista político e passa a enfrentar anseios de maior liberdade, como vem sendo expresso por diversas manifestações de inconformados, se não dissidentes, não aparenta ser fácil, mesmo na China e dada a sua dimensão, com ampla diversidade regional e étnica.

No entanto, não existe uma linha alternativa e, apesar das muitas dificuldades, as novas lideranças políticas do país parecem conscientes das mesmas. Mas terão que trabalhar duro e conseguir um discurso carismático, capaz de arrastar multidões de chineses. Do ponto de vista técnico, parece que contam com quadros como na CASS – Academia Chinesa de Ciências Sociais que assessoram a cúpula dos dirigentes, que terão que elaborar detalhadamente as reformas que devem ser implementadas, cujos detalhes ainda não são suficientemente conhecidos.



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