Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Precipício Fiscal Norte-Americano

1 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Ainda que na última hora, chegou-se a um acordo para que os Estados Unidos, e com eles o resto do mundo, não precipitasse num abismo com consequências imprevisíveis. O vice-presidente Joe Biden conseguiu com a liderança dos republicanos no Senado um arremedo de solução, que ainda vai exigir aprovações complementares dos deputados, que possuem mais poder no sistema norte-americano, fazendo maiores concessões do que pretendido por Barack Obama. O presidente desejaria que os aumentos dos impostos atingissem os que possuem renda acima de US$ 250 mil anual, mas o entendimento chegou a US$ 450 mil por família, sendo de US$ 400 mil por membro, livrando parte da classe média. Não estão ainda muito claros os cortes de despesas que serão efetuados, pois os gastos de saúde centrados no Medicare, que são caros para os democratas, também devem ser afetados.

Na realidade, os republicados que possuem metade do eleitorado norte-americano, como os democratas, estão profundamente divididos, entre os mais radicais conservadores com os mais liberais como acontece também em outras grandes agremiações políticas. Não desejam que Barack Obama tenha chances elevadas de uma boa administração, aumentando as restrições de gastos que já são grandes.

 

A Casa Branca e o Congresso dos Estados Unidos

Ao longo das últimas décadas, foram promovidas muitas elevações de impostos com reduções para várias situações, todas vencendo no final de 2012. Se um mínimo de acordo não fosse conseguido, estas deduções seriam eliminadas, promovendo uma brutal elevação de impostos, levando a economia norte-americana a uma nova recessão, com graves consequências para o resto do mundo. Também as despesas do governo norte-americano sofreriam violentos cortes ajudando a prover a redução do nível de atividades nos Estados Unidos, deixando também de proporcionar diversos gastos de assistência social.

Todos aguardavam que as negociações entre as duas partes seriam duras como foram, e não agradaram a ninguém. No entanto, parece o que é possível politicamente, e ainda não estão detalhados os cortes que deverão ser efetuados. Os descontentamentos parte a parte continuarão com cada um atribuindo as dificuldades para os seus adversários.

Certamente, a população norte-americana terá mais restrições, pois suas dívidas públicas estão se elevando. O resto do mundo também é parcialmente atingido pelos esforços no sentido de tornar a economia norte-americana competitiva com relação ao resto do mundo. Mas todos sabem que aquela economia continua sendo a líder mundial e sem a sua recuperação tudo fica mais difícil para todos.

Ainda assim, todos desejam ser beneficiados, com os encargos ficando para os outros. É uma equação que não fecha e vai acabando se arrastando por muito tempo, deixando um quadro de difícil prognóstico, pois vai acabar se decidindo em cima de cada questão, sem se formar um mínimo de consenso dentro de uma sociedade profundamente dividida.

Parece que todos se salvarão não se sabe até quando, mas somente sobre o mal maior. Outras dificuldades continuarão a ocorrer, não somente nos Estados Unidos. Mas também os seus concorrentes como a China não estão numa situação tão tranquila, mas continuarão a ampliar os seus gastos militares, exigindo que os norte-americanos conclamem seus aliados a contribuir para assegurar um mínimo de equilíbrio.

Todos estão com perspectivas de encargos crescentes, não somente com as dívidas que possuem, como com o envelhecimento relativo de suas populações. Todos desejam evitar o aumento de tributações que nunca é simpático para os eleitores. E num quadro que todos precisam contribuir para um aquecimento global mais lento, que vem provocando diversos desastres naturais.

Todos precisariam contribuir para que menos desperdícios ocorressem, e os recursos que dispõem inclusive humanos e naturais, fossem utilizados com maior eficiência. Os Estados Unidos devem ser tornar maiores exportadores de energia, até comparando com o Golfo, mas a utilização do xisto está contaminando as águas subterrâneas, que estão se tornando um material precioso.

Neste quadro, o Brasil necessita pensar-se com um plano estratégico de longo prazo, pois dispõe de grandes recursos naturais e recursos humanos que se aperfeiçoam. Precisa fazer a sua parte, melhor do que vem fazendo, contribuindo para o bem estar do mundo. Precisa reduzir os seus desperdícios e ter maior eficiência no uso de todos os seus recursos, como muitos outros países emergentes, que ainda contam com espaços que outros não têm mais.



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