Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Problemas das Empresas Japonesas no Exterior

9 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , , | 6 Comentários »

Diante da falta de crescimento da demanda interna do Japão, muitas empresas japonesas estão ampliando suas atividades no exterior, principalmente nos países asiáticos. Com as atuais dificuldades na China e na Coreia do Sul, decorrentes das disputas de ilhas, procuram-se mais os países do Sudeste Asiático, mas as condições que encontram diferem muito das japonesas, com as quais estão acostumadas. Um artigo publicado no jornal econômico Nikkei informa as dificuldades que encontram com as mudanças nas regulamentações, as diferenças culturais e religiosas, que aumentam seus riscos.

No Vietnã, por exemplo, a partir deste ano, os aparelhos eletrodomésticos passaram a exigir a anexação da informação sobre o seu consumo de energia, e como isto é um dos pontos fortes do Japão, os empresários ficaram satisfeitos. Mas as faltas dos detalhes desta regulamentação estão deixando-os nervosos, diante das constantes alterações que são introduzidas. Na Indonésia, os empregados de uma indústria automobilística japonesa estão protestando diante da embaixada japonesa. Na China, ainda que parte da produção japonesa seja voltada para a exportação para outros países, as dificuldades políticas estão ampliando as dificuldades.

mp-asia

Muitas empresas japonesas estão sendo obrigadas a reduzir sua capacidade de produção na Ásia. No processo de demissão, algumas regras que eram aplicadas em Beijing foram adotadas em outras regiões. No entanto, os trabalhadores de Nanjing não concordaram com as mesmas, alegando que as dificuldades de novos empregos nesta região eram maiores que a da Capital.

Os protestos de trabalhadores estão se generalizando em muitos países, que também sofrem as dificuldades decorrentes da desaceleração do crescimento da economia mundial. Os relacionamentos com os sindicatos de trabalhadores não são muito claros, e os dirigentes do Japão não ficam conhecendo todos os detalhes do que teriam acontecidos.

Estes e outros detalhes estão tornando as empresas japonesas mais cautelosas nos seus investimentos externos. A falta de uma longa experiência nos tratos destes problemas no exterior está ficando evidente, e eles são bastante diferentes dos que enfrentaram no Japão.

Outros países também enfrentam estes problemas, mas os norte-americanos e os europeus possuem uma experiência mais ampla e diversificada. Os japoneses tendem a minimizar as dificuldades políticas e culturais, efetuando os seus estudos de viabilidade somente do ponto de vista técnico, sem utilizar os consultores locais ou internacionais.

Se estes problemas ocorrem na Ásia que tem maior semelhante cultural com o Japão, pode-se avaliar suas dificuldades quando atuam em países de culturas originárias como das latinas, que são radicalmente diferentes das quais estão acostumados.


6 Comentários para “Problemas das Empresas Japonesas no Exterior”

  1. mike
    1  escreveu às 01:48 em 12 de janeiro de 2013:

    É impressionante como é repetida a dificuldade dos japoneses em lidar com conflitos no exterior. Até parece que experiências passadas não são aproveitadas.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 21:27 em 14 de janeiro de 2013:

    Caro Mike,

    Comparando com os europeus e norte-americanos, a experiência japonesa no exterior não é muito profunda e antiga. A brasileira, mais ainda, e pouco conhecemos culturas como as asiáticas.

    Paulo Yokota

  3. Nikos
    3  escreveu às 01:45 em 14 de janeiro de 2013:

    Além das dificuldades inerentes a cultura, o que atrapalham os japoneses é que eles não estão preparados para decidirem sozinhos, sem consultar a matriz.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 21:17 em 14 de janeiro de 2013:

    Caro Nikos,

    V. tem razão com relação a muitas grandes empresas. Mais recentemente, as pequenas e médias estão mudando suas formas de atuação.

    Paulo Yokota

  5. A.Yamaguchi
    5  escreveu às 09:36 em 17 de janeiro de 2013:

    Creio que a troca de gerações será a solução para este problema. A grande maioria dos expatriados que estão no comando de empresas de pequeno e médio porte é que não tem experiência de atuação no exterior, gerando conflitos culturais e outros. Já os técnicos, engenheiros que são designados para prestar suporte aqui no Brasil, geralmente ficam pouco tempo, porém viajam com frequência, e o contato com os staff’s locais é mais intenso.
    Seria ótimo estes staff’s que hoje prestam suporte serem nomeados diretores de filiais ou subfisiárias aqui no Brasil, devido sua experiência prática.
    Gostaria de aproveitar e agradecer o Sr.Paulo Yokota por todos os artigos que nos mantém informados sobre o que está ocorrendo ao nosso redor.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 10:38 em 17 de janeiro de 2013:

    Caro A. Yamaguchi,

    Obrigado pelos comentários. Cada caso é um, havendo muitas diferenças, tanto nas grandes empresas como nas pequenas e médias. Que estão sendo obrigado a se adaptar às novas situações, não parece haver muitas dúvidas. Algumas grandes empresas japonesas já estão atuando como verdadeiras multinacionais, com executivos contratados no exterior. Outras, menores, contam com maior flexibilidade para se ajustarem as condições que estão mudando rapidamente. Sempre haverá alguns fracassos, mas temos que entender que muitos estão se consolidando, deixando de ser somente japoneses. Mas, na média, estão mais atrasadas que outras estrangeiras, que acumularam experiências desde a virada do século XIX para o XX, e continuam tentando descobrir oportunidades internacionais neste século XXI. Também algumas empresas brasileiras estão procurando aprender a operar, tanto em países industrializados como emergentes ou até em desenvolvimento.

    Paulo Yokota


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