Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Sempre Alerta é o Que Santa Maria Lembra

28 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Quem conhece Santa Maria, no Rio Grande do Sul, fica assombrado com as muitas falhas que provocaram este pavoroso desastre naquela cidade. O sacrifício de centenas de vidas jovens e preciosas exige de todos os brasileiros decisões concretas na totalidade do país para evitar a repetição de algo semelhante, que nos desclassifica como civilizados e atualizados. Santa Maria destaca-se como um centro universitário, tendo sofrido fortes influências positivas de muitas correntes de imigrantes de origem europeia. Sua população ordeira costuma acatar as recomendações que parecem mais sensatas em todas as atividades. Mas parece que sempre existem lamentáveis exceções.

Não é compreensível o funcionamento de qualquer estabelecimento sem os alvarás exigidos, sem plena validade nos seus prazos. As condições necessárias para o funcionamento de locais que podem receber grandes massas de frequentadores necessitam obedecer todas as normas de segurança, para qualquer eventualidade, e os disponíveis devem ser amplamente divulgados. Não se podem admitir materiais inflamáveis nas suas construções e instalações como é comum se observar em muitos lugares, e muito menos o uso de efeitos pirotécnicos.

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Vista aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul

Esta dura lição que estamos aprendendo deve ser aproveitado para reverter a atual situação no Brasil, não somente de estabelecimentos destinados ao público, como nas edificações, tanto de uso comercial ou privado. Estamos utilizando materiais inflamáveis que facilitam desastres, quando ocorrem, por exemplo, curtos-circuitos.

Nossas cidades estão cheias de árvores inadequadas, contaminadas por cupins, que a cada chuva ou ventania interrompem as fiações elétricas, de telefonia, de televisão à cabo, dos serviços de internet e muitos outros. Além de causarem prejuízos ao tráfego, eles causam danos a todos que estão pagando para contar estes serviços, causando algumas vezes acidentes fatais.

Nunca houve tanto blecaute com o mínimo de chuvas, pois os serviços públicos, muitos hoje privatizados, foram canibalizados, com seus equipamentos sem a manutenção para resistirem aos problemas usuais. Muitos dos desastres de veículos são provocados por estes maus serviços, alguns com perdas de vidas.

Parece que nos esquecemos de dar importância à vida. Os números de acidentes fatais são sempre recordes nas estradas, quando dos feriados prolongados. A cada inundação, vidas são ceifadas, atingindo mais os pobres. As ocupações irregulares se multiplicam, como se não existissem regras para tanto.

Muito se noticia sobre edifícios que desabam, provocando mortes. Precisamos de bons projetos e fiscalizações frequentes sobre o que foi feito, também nas vias públicas. É preciso considerar que existem muitos gananciosos, mesmo colocando em risco a vida da população.

Não basta a nossa solidariedade com os que foram atingidos, mas precisamos de atos concretos que reduzam as possibilidades dos acidentes. Não podemos ser complacentes, e os legisladores precisam adotar medidas que já estão em funcionamento em outros países. Que os promotores e juízes sejam implacáveis com os que colocam a vida alheia em riscos.

Não podemos permitir que a ganância de poucos continue utilizando produtos que já foram banidos em outros países, como o amianto, comprovadamente danosos à saúde humana. Que agrotóxicos e outros produtos químicos que já foram proibidos continuem contaminando nossos agricultores e consumidores.

Sem dar a devida importância à vida humana, não passamos de primitivos, não somos dignos de sermos considerados civilizados. Ainda que tudo isto custe algo, seria insignificante diante da perda da vida, que é irrecuperável.

Os meios de comunicação social precisam ajudar a conscientizar a população, não somente das irregularidades, mas das medidas que já foram tomadas em outros países, que reduzam as possibilidades de acidentes de qualquer natureza. Precisamos aproveitar o terrível impacto como o de Santa Maria, para que medidas preventivas sejam tomadas, reduzindo a ação de alguns que só pensam nos seus lucros, com a desgraça alheia.

Seria uma forma modesta de afirmar que a perdas destas vidas foram capazes de reverter às tendências que se observavam no país, e que no futuro, a população contará com mais respeito às suas vidas. É preciso que isto se torne parte da nossa cultura.



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