Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Difícil Conciliação Entre a Preservação e o Desenvolvimento

21 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Um desafiador quadro está sendo apresentado pela jornalista Giovana Girardi nos seus artigos publicados pelo suplemento Planeta – Sustentabilidade & Meio Ambiente, do jornal O Estado de S.Paulo. A região chamada de Calha Norte fica no Oeste do Estado do Pará, fazendo fronteira com o Estado do Amapá, tendo ao Sul o rio Amazonas, a Oeste o Estado de Amazonas e ao Norte tem fronteiras internacionais com o Suriname e a Guyana, ocupando nada menos que 27 milhões de hectares, sendo 74% preservados por reservas indígenas e florestais. Mas é das mais pobres do Pará como da Amazônia utilizando qualquer indicador, com uma população de 321 mil habitantes, segundo as pesquisas do Imazon – Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia.

A população da região vive do extrativismo da castanha do Pará, do óleo de copaíba e de uma mineração de bauxita que é feita desde fins dos anos 1970 por uma empresa da Vale com as de alumínio, a Mineração Rio do Norte, que é a única atividade econômica de expressão nesta área. O manejo sustentável da floresta, com a extração racional da madeira ainda é um sonho.

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Lamentavelmente, isto mostra que as tentativas de preservação da mata com a simples constituição de reservas não é uma solução sustentável, mesmo que haja um projeto de compensação com os créditos de carbono. Há que se encontrar formas avançadas de manejo da floresta, com maior disseminação de plantações de castanhais e outras frutas aproveitáveis, que estão sendo pesquisadas por centros localizados na Amazônia, bem como aproveitamento organizado das madeiras mais nobres.

Pelo que se conhece hoje, a floresta gera o oxigênio com o crescimento de suas árvores, que atingindo a idade madura não desempenha mais este papel com a eficiência desejada. A sua substituição sistemática por outras essências mostrou-se ineficiente em projetos como o da Jarí. O que vem se mostrando mais eficiente é o plantio intercalado na floresta de novas mudas como de castanhas que tenham um ciclo de maturação mais rápida, como as identificadas pelas pesquisas.

A exploração da biodiversidade regional ainda depende de muitas pesquisas, pois na sua maioria são produtos que perdem as suas melhores qualidades rapidamente. A castanha do Pará, que encontra mercado no Brasil e no exterior, é completamente diferente da nativa, que, segundo os que trabalham na região, aparenta mais com os cocos da Bahia. Também o açaí, que ganhou fama no mercado internacional, intensamente consumido pela população local, é muito mais rico do que aqueles mais diluídos que são locados nos mercados nacionais e internacionais.

Alguns produtos se revelam adequados para a produção de cosméticos, mas tudo indica que mais pelos seus efeitos de marketing das empresas que ligam seus nomes com atividades conservacionistas. Parece haver ainda um longo caminho de intensas pesquisas para se chegar a aproveitamentos econômicos desta ampla biodiversidade.

Tudo indica que não basta ter metas românticas com estas reservas florestais. É preciso encontrar formas de manejo que permitam a sua convivência com a manutenção da floresta, ao mesmo tempo em que se proporcione a população local condições de maior progresso social.

Nas áreas que não são consideradas reservas oficiais da região correspondem a mais de 7 milhões de hectares, e mesmo nelas a legislação atual exige que 50% sejam mantidas como reservas. Mas 3,5 milhões de hectares são áreas gigantescas, onde podem ser tentados alguns plantios de árvores de maiores produtividades, como o guaraná e outros produtos já conhecidos, que servem como “cash crop”. As populações que sempre viveram de atividades extrativas só podem ser adaptadas para produções organizadas com intensas assistências técnicas. Mas, não se visualizam, por ora, alternativas mais criativas. As melhores propostas ainda dependem da intensificação das pesquisas.



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