Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades Econômicas e Generalizações Inadequadas

11 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Dois artigos de importantes acadêmicos como os dos professores Dani Rodrik da Universidade de Harvard e Andres Velascos da Universidade de Columbia, ambos publicados no Project Syndicate, indicam os esforços acadêmicos e as dificuldades com a realidade que se mostra mais complexa que os teóricos desejariam. Dani Rodrik informa os esforços que os economistas fizeram, inclusive tentando utilizar suas técnicas para racionalizar o comportamento dos políticos, mas, mostrando que nos casos da Coreia e da China, reviravoltas mais surpreendentes no desempenho econômico nas últimas décadas os vencedores foram os “interesses escusos”. Andres Velascos informa que, apesar da melhoria na distribuição de renda a América Latina, ela continua precária, e os países que as promoveram como o Chile e o Brasil não foram imitadas por outras.

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Dani Rodrik                                                           Andres Velascos

Temos a impressão que os esforços teóricos são obrigados a identificar comportamentos predominantes em conjuntos que apresentam acentuadas diferenças, caso a caso. Cada país tem a sua história e restrições internas particulares, que são difíceis de serem consideradas exceções a uma regra, mas que refletem as suas realidades, que nem sempre são racionais.

Parece ser extremamente difícil generalizar os países desta parte do mundo como se fossem latino-americanos quando eles apresentam acentuadas diferenças étnicas, culturais, históricas, geográficas, de dimensões e estágios de desenvolvimento entre si. Acaba sendo uma abstração que não existe na realidade, havendo pouco de comum, além da sua localização nas Américas.

De forma semelhante, muitos países são agrupados como em desenvolvimento ou emergentes, necessitando de reformas para acelerar o seu processo de melhoria do bem estar de suas populações, quando poucos possuem como características comuns, a não ser o seu nível de renda per capita.

Sempre se afirmou que a média não representa nada, podendo haver uma razoável, com os pés no gelo e a cabeça na fogueira. De forma similar, realidades tão diferentes parecem não permitir que observações isoladas possam ser generalizadas, pois as frustrações com as expectativas criadas podem ser grandes.

Não significa isto que lições colhidas em outros países não possam ser adaptadas para diferentes realidades, observando-se que as particularidades existentes podem permitir a variação por uma ampla margem de segurança. No atual mundo globalizado, as informações fluem com maior velocidade, permitindo, muitas vezes, que medidas e programas que foram bem sucedidas em algumas localidades possam ser tentados em outras.

Na realidade, parece que a formulação da política econômica acaba sendo muito mais uma arte do que a aplicação de uma ciência, como sempre foi, dependendo fortemente dos líderes que estiverem disponíveis com seus carismas, dentro do particular contexto de cada país. Parece que existem, lamentavelmente, populações que estão disponíveis para ser galvanizadas por uma ideia-força, mas que para a sua sustentabilidade necessitam estar ajustadas aos que muitos teóricos costumam chamar de fundamentos, mas que elas próprias apresentam grandes intervalos para suas flutuações.

As ciências sociais não contam com a precisão da mecânica ou da engenharia, pois dependem das reações dos seres humanos, que nem sempre são tão racionais como muitos desejariam.



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