Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Efeitos Colaterais da Abeconomics no Japão

17 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Qualquer política econômica nos mais variados países provocam benefícios para alguns, mas também dificuldades para outros. No Japão atual, está se procurando adotar uma política visando à recuperação de sua economia, com uma política monetária mais flexível, que acaba desvalorizando o câmbio, perseguindo-se uma inflação de cerca de 2% ao ano, havendo possibilidade dos juros das poupanças populares contarem com juros negativos. Como as poupanças populares sempre foram altas no Japão, permitindo que seus recursos financiassem muitos programas, inclusive a pesada dívida pública do país, vai se mexer em algo importante, quando comparado com outras economias.

Um artigo no Japan Today, escrita pelos jornalistas Stanley White e Lisa Twronite, chama a atenção que os idosos japoneses chamados Silver Savers acabarão arcando com os custos da atual política que chamam na imprensa como Abeconomics. Cita o caso concreto de um casal, ela Kiyoko Kunigasa, de 74 anos, e o seu marido, de 76 anos, que continuam trabalhando produzindo um doce denominado doriyaki, que tem um recheio de feijão azuki doce. Eles se sustentaram nos últimos 49 anos com este pequeno negócio, poupando para quando não pudessem mais trabalhar, como um grande número de japoneses. Como as aposentadorias no Japão são de valores baixos, os japoneses poupam para poderem sobreviver na velhice condignamente, com os juros e recursos que acumularam que agora acabam reduzidas pela inflação.

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Abeconomics põe em xeque os idosos japoneses

Estes idosos e suas poupanças sustentaram o Japão por longo período, e agora vão ser prejudicados, pois se a inflação chegar a 2% tanto os seus juros como as reservas ficarão reduzidas pela desvalorização. Certamente, do ponto de vista político, eles deverão manifestar os seus desagrados. Alguns analistas estimam que estas poupanças somem a cerca de US$ 7,4 trilhões.

Eles estão aplicados nos agentes financeiros, companhias de seguro e de previdência, mas os resultados obtidos pelas instituições que as aplicam, tanto em títulos públicos como ações, não proporcionaram resultados positivos atualmente. Certamente, o governo espera que com a recuperação da economia o mercado de capitais também melhore com flutuações e riscos, mas os idosos preferem poupanças seguras.

As autoridades esperam que os juros baixos resultem num aumento de consumo que vai ajudar a recuperação da economia. Mas uma parcela importante dos idosos se preocupa com os tempos futuros, quando não poderão mais trabalhar, não contando com o amparo de outros. Portanto, não vão usar seus patrimônios em consumos.

Nesta Abeconomics também se pretende a elevação dos impostos, que deverão contribuir para a redução da renda disponível para o consumo. Isto gera suspeitas de sua possibilidade de sucesso, mas com o câmbio mais competitivo os japoneses devem contar com o mercado externo, que apresenta possibilidade de continuar crescendo, melhor que no passado recente.

Os aposentados e idosos não estão interessados na economia japonesa, mas encaram com realismo as suas perspectivas futuras, e procuram se precaver, como todos os povos que já experimentaram grandes dificuldades no passado. Isto deveria ser um exemplo concreto que em países emergentes, como o Brasil, a taxa de poupança viesse a ser elevada.



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