Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Up Grade Nas Relações Sino-Brasileiras

25 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Tudo indica que existem oportunidades para uma substancial elevação do nível de intercâmbio do Brasil com a China, deixando o Brasil de ser um mero fornecedor de minério de ferro, soja, petróleo, celulose e açúcar, e a China exportadora de uma ampla gama de produtos industrializados. A coluna de Sergio Leo no jornal Valor Econômico cita com moderação a lista de algumas das promessas e problemas, com base na privilegiada entrevista concedida por Xi Jinping à Claudia Safatle do mesmo jornal na companhia de somente outros quatro veículos. Como na próxima reunião do BRICS na África do Sul, quando Xi Jinping deverá ser a estrela de destaque, encontrando-se com a Dilma Rousseff.

Os que acompanham a evolução das relações bilaterais entre os dois países, ainda que seu volume e valor tenham crescido nos últimos anos, mais pelo acelerado crescimento da economia chinesa, notam as grandes lacunas existentes. Basicamente, os brasileiros não conhecem a complexa e gigantesca China com longa história, cultura e extensão geográfica predominantemente na região temperada. Como os chineses desconhecem o igualmente complexo e continental Brasil, também emergente, mas muito jovem historicamente, com uma forte miscigenação não só étnica, cultural, como de tecnologias e investimentos estrangeiros, ocupando uma região tropical.

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Todos sabem que a China conta com uma população de cerca de 1,4 bilhões de habitantes, na quase sua totalidade de etnia han, mas com 56 etnias diferentes reconhecidas oficialmente, tendo como idioma oficial o mandarim, mas o povo fala outros idiomas locais. Sua economia ainda apresenta uma renda per capita baixa, mas vem crescendo de forma acelerada nas últimas décadas, deixando graves problemas como o da poluição, piora na distribuição de sua distribuição de renda, além da necessidade de reformas que estão sendo planejadas para depender menos das estatais como das exportações. Sua cultura comercial é milenar com acirrada procura das vantagens individuais e empresariais.

A população brasileira chega a cerca de 200 milhões, com contribuições étnicas variadas, inclusive de indígenas, portugueses, afrobrasileiros, como imigrantes vindos de todas as partes do mundo, tendo o português como língua oficial, mas também com o uso de idiomas populares locais pouco conhecidos. Sua economia que nasceu das atividades exportadoras voltou-se para o aproveitamento do mercado interno há décadas, apresentando todos os vícios de uma exagerada intervenção governamental, que sempre apresenta baixa eficiência produtiva. As limitações para a manutenção de sua competitividade internacional são notórias.

Com ambos os países classificados como BRICS, países emergentes de grandes dimensões geográficas, existem elevadas potencialidades para um profícuo intercâmbio bilateral, que ainda não explora todas as suas possibilidades, diante das distâncias que os separam que não são somente geográficas, ficando ainda muito restritos pelos conceitos como a complementaridade, quando mais da metade do intercâmbio comercial do mundo atual se efetua intraempresas. O sistema logístico tecnologicamente avançado que sempre exigem cargas de ida e volta, como já demonstrado no passado, permitem arranjos entre o Brasil e a China mesmo a grandes distâncias, que continuam parceiros importantes.

Algumas pesquisas conjuntas começam a ser efetuadas com fortes influências governamentais, havendo uma ampla gama de possibilidades de intercâmbio de conhecimentos vitais para a manutenção da competitividade de ambos os países, em produtos que agregam maiores valores adicionados, ajudando a criar empregos e rendas.

Mas artigos postados neste site, como o relacionado ao Alibaba, mostram que existem novas possibilidades que ainda não estão sendo exploradas. E insuficiências como expressa numa matéria publicada no O Estado de S.Paulo, escrita por um advogado, que adverte que os negócios brasileiros na China vão além do contrato. As refinadas técnicas de intercâmbio exigem um after service, pois sem o estabelecimento de um forte vínculo de longo prazo, acabam ocorrendo rupturas com os chamados claim que utilizam fatos como a demora na entrega ou condições que são consideradas fora das especificações do que foi contratado. Como o tempo costuma ser relevante nas transações comerciais, eventuais disputas jurídicas em cenários obscuros acabam sendo prejudiciais a todas as partes.

Apesar de muitas organizações estarem envolvidas na solução dos variados problemas, ainda os envolvimentos diretos entre as empresas acabam sendo mais ágeis. Parece que há necessidade do estabelecimento de uma estratégia conjunta definindo as ações prioritárias para concentração das atenções das autoridades. As ações privadas, principalmente nos projetos de grandes magnitudes, exigem a clara retaguarda dos governos e suas agências. Tudo recomenda uma pauta clara e estável, mesmo considerando as rápidas mudanças que se observam em todo o mundo, tanto na economia como nos negócios.

A estabilidade do intercâmbio ao longo de um tempo depende mais que os meros interesses comerciais, exigindo alguns acordos para fornecerem uma moldura dentre da qual serão fomentados os negócios. Porque os dois países não deveriam discutir acordos de livre comércio e parcerias, já que estão sendo marginalizados nos grandes entendimentos que envolvem tanto o Atlântico Norte como a bacia como do Pacífico?



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