Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Queda do Custo do Crédito no Brasil

1 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

O jornal Valor Econômico publica uma extensa matéria de Fernando Torres e Carolina Mandl mostrando que as pressões das autoridades provocaram expressivas quedas do custo do crédito no Brasil nestes últimos doze meses. As linhas para as pessoas físicas, segundo o levantamento do jornal, foram mais expressivas na Caixa Econômica, com mais de 30%, e até nos bancos privados a queda mais baixa foi de mais de 10%. Entre as pessoas jurídicas, a maior queda foi do Banco do Brasil, com 24,5%, e as menores quedas nos bancos privados chegaram a 12,7%, tudo considerado desde março do ano passado, quando começou a campanha do governo. No geral, os cortes foram superiores aos observados na taxa Selic, provocada pelo Banco Central.

As quedas foram mais expressivas nos primeiros meses, como em abril do ano passado, sendo menores ao longo do tempo, mas elas continuaram se prolongando principalmente com relação aos empréstimos para as pessoas jurídicas. No crédito imobiliário, chegou-se ao novo normal, com uma taxa média em torno de 9% ao ano. Os executivos dos bancos afirmam que somente em linhas específicas ainda existem alguns espaços para quedas, como no crédito consignado.

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O artigo informa que se a concorrência fosse perfeita entre os bancos oficiais e privados, os últimos deveriam estar perdendo os seus espaços de forma significativa. O que se observa é que os oficiais ganharam participação, mas não de forma que chegue a provocar uma estatização do sistema.

Os levantamentos do Valor Econômico abrangeram 3.300 dados, e evidentemente não podem ser completos, pois os bancos mantêm o seu sigilo, e muitas operações são complexas, envolvendo outras compensações, como redução nas taxas de alguns serviços, que passaram a ser importantes nos resultados dos bancos.

Ainda que a rentabilidade dos bancos tenha decrescido, ela foi ligeira, mostrando que os bancos encontraram formas para redução dos seus custos e conseguir outras fontes de receitas. No passado, os financiamentos para as pessoas jurídicas dependiam muito dos descontos de duplicatas, que permitem a redução dos riscos, que repousam sobre os que adquiriram produtos para os seus negócios. Estas, que já eram relativamente baratas, não sofreram grandes quedas, e também nestes créditos os bancos oficiais aparecem com taxas mais baixas.

Os bancos captam recursos de diversas formas, inclusive do exterior, e as diferenças dos seus custos com as taxas dos empréstimos são denominados spread que também foram comprimidos. O sistema ainda é oligopolizado, ou seja, poucos são os grandes bancos oficiais e privados, que são os mais expressivos no mercado.

Ainda que muitos analistas tenham se posicionado contrários a esta política do governo, há que se reconhecer agora que as remunerações dos bancos eram exageradas, e as autoridades tinham boas razões para estes movimentos. Os prejudicados foram os acionistas, e também alguns aplicadores que obtinham juros elevados, quando seus montantes eram altos.

Os pequenos poupadores sempre tiveram remunerações modestas e algumas continuam negativas em termos reais com a atual taxa de inflação. Mas é preciso lembrar que na maioria dos países desenvolvidos os que mantêm contas com seus recursos nos bancos acabam arcando com o custo destes serviços.

As vantagens foram dos consumidores que passaram a contar com créditos com custos razoáveis para ampliar os seus consumos financiados, bem como as empresas que utilizavam estes empréstimos para as suas operações.

Parte da contrariedade com as autoridades atuais decorrem destas mudanças que se observaram no mercado, que devem ser consideradas saudáveis, aproximando o Brasil do padrão internacional, ainda que continuem elevadas por variadas razões, sendo que os bancos alegam a importância da inadimplência e das exigências de reservas do Banco Central, que são importantes para manter a rigidez do sistema.



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