Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cegueira Ideológica do The Economist

31 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

A cegueira ideológica parece tão grave como a religiosa. Todos sabem que o The Economist, uma das mais importantes e democráticas revistas do mundo sempre foi a favor do mercado e do livre comércio. No seu artigo de capa desta semana, refere-se ao importante MDGS – Metas de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, falando da significativa redução da pobreza absoluta de mais de um bilhão de habitantes do planeta, referindo-se àqueles que vivem com menos de US$ 1,25 por dia. Mas atribui a sua causa ao desenvolvimento e ao livre comércio, na sua grande maioria, minimizando os efeitos da vontade política que incluiu milhões de famílias do mundo emergente e em desenvolvimento.

Começa com o discurso de Truman, em 1949, que apontava o desafio da redução da pobreza absoluta, informando que, em 1990, 43% da população mundial encontrava-se nesta situação, o que foi reduzido em 2010 a 21% elevando o padrão de um bilhão de habitantes no mundo. Cita de passagem esforços como a Bolsa Família do Brasil, os esforços chineses bem como de outros países emergentes, dando importância menor para estes esforços, afirmando que o desenvolvimento e o livre comércio é que provocaram a grande maioria destes avanços. Mas que ainda existem mais de um bilhão de habitantes que devem ser melhorados nas próximas décadas.

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O que poderia se perguntar é quem fez as decisões políticas e arcou com o custo deste desenvolvimento. Foram, tudo indica, os esforços de bilhões de trabalhadores, principalmente dos países emergentes e em desenvolvimento, que continuam contando com deficiências dos governos nos países em que vivem. A globalização ajudou muito mais os que vivem nos países desenvolvidos, que viveram às custas dos baixos salários dos que produziram, que ficaram com as migalhas do seu engajamento na economia mundial. Os dirigentes políticos dos países emergentes tomaram também as decisões para este engajamento, tudo indica.

Mesmo nos países desenvolvidos, os empenhos dos trabalhadores parecem ter sido importantes para suas conquistas, tendo que lutar com as elites para conseguirem melhores condições de vida. A tão criticada assistência da democracia social foi conquistada por muitas pressões dos que estavam em piores condições, também eram os eleitores mais numerosos.

Os liberais e conservadores ainda continuam condenando as medidas governamentais dos países emergentes que permitiram que também eles tivessem vozes na governança mundial. Parece que foram suas decisões políticas que ampliaram o uso dos mecanismos de mercado, lamentavelmente com muitas ineficiências burocráticas e das estatais. Mas, se houve avanços nestas economias menos equipadas como a China, a Índia, o Brasil e muitos outros novos emergentes, não se podem desprezar as corajosas decisões políticas dos seus dirigentes.

Ainda que nem sempre houvesse uma eficiência elevada nas ações de assistência social aos que se encontravam na pobreza absoluta, os discursos de dirigentes como Lula da Silva, que continua tendo continuidade com Dilma Rousseff, tanto internamente como nos fóruns internacionais, possuem uma influência que não pode ser ignorada.

Outros novos países emergentes, como da Ásia e do Oriente Médio, estão se sentindo estimulados aos discursos semelhantes, e os países pobres da África começam a se juntar nos mesmos esforços. As economias desenvolvidas, somente pressionadas a parassem de ceder os espaços na governança mundial, mas na defesa dos seus interesses, não se preocupam com os danos ambientais que afetam os mais pobres.



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