Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Problemas Atuais das Economias Emergentes

22 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Nouriel Roubini é um experimentado analista que vem expressando suas opiniões sobre os atuais problemas de redução do ritmo de crescimento das economias emergentes. Ele é professor da Universidade de New York e ocupou diversos cargos tanto em entidades internacionais como no governo dos Estados Unidos, com muita familiaridade com estas economias. Publicou no Project Syndicate uma análise que não se refere somente ao BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas também outras economias emergentes como a Turquia, Argentina, Polônia, Hungria e muitos outros países da Europa Central e Oriental, todos que estão apresentando uma desaceleração do crescimento.

O autor informa que o PIB do Brasil cresceu apenas 1% no ano passado, e deve crescer cerca de 2% neste ano, abaixo do crescimento que ele considera potencial que seria de mais de 3%. Algo semelhante teria acontecido na Rússia que também deve crescer cerca de 2%, como na África do Sul e na Índia, que de um crescimento mais acentuado reduzirá para cerca de 4%, o mesmo acontecendo com a China que vinha crescendo mais de 10% nas últimas décadas, com o risco de um pouso forçado, ao contrário do soft landing esperado pelas suas autoridades, segundo Nouriel Roubini.

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Nouriel Roubini

Este artigo é importante, pois mostra que a redução do crescimento que vem se observado é generalizada, não se restringindo a somente ao Brasil. Suas causas, segundo o autor, poderiam ser resumidas nos seguintes pontos.

A maioria das economias emergentes teve em 2011 e 2012 um crescimento acima do seu potencial, com um recrudescimento das pressões inflacionárias. Com a política monetária para a sua redução, provocou-se também a diminuição do crescimento.

O autor coloca como segunda causa a interpretação de que as economias emergentes estivessem dissociadas das desenvolvidas, mas a recessão na área do euro, no Reino Unido, no Japão e o crescimento lento dos Estados Unidos acabaram afetando a todos.

Ele também aponta que a maioria das economias emergentes utilizou uma variedade do capitalismo de Estado, que afetou a produtividade do setor privado, enfatizando o uso das estatais, bem como o nacionalismo e o protecionismo comercial. Chamou a atenção especial sobre o que aconteceu na China.

Também apontou que alguns países emergentes foram atingidos por um ciclo na produção e no preço dos seus principais produtos que, no primeiro momento, ajudou no desenvolvimento, mas que não se sustentava. Apontou ainda que a política monetária adotada pelos Estados Unidos se ajudou inicialmente, agora tende a prejudicar com a sua redução.

Finalmente, o autor aponta que muitos países começam a acusar uma tendência para o déficit em contas correntes, que trazem riscos para o seu desenvolvimento, diante das dívidas que muitas empresas possuem em moeda estrangeira, quando seus câmbios estão se desvalorizando.

Também alguns países começam a enfrentar problemas de déficit fiscal, que geram conflitos trabalhistas, diante da necessidade de uma desvalorização excessiva do seu câmbio. A política monetária excessivamente restritiva poderá enfraquecer ainda mais o crescimento já lento de suas economias.

O autor acredita que alguns países vão conseguir um crescimento melhor, mas o conjunto dos emergentes acabará tendo uma taxa mais reduzida, inclusive nos próximos anos. São considerações que exigem uma profunda reflexão, mostrando que deve existir um conjunto de medidas para superar as dificuldades enfrentadas.



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