Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupações com as Comunicações Corretas e Mídias Sociais

19 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Dois artigos publicados no Project Syndicate exigem reflexões sobre os atuais meios de comunicação social: um da dupla de especialistas em radiações, David Roberts e Ted Lazo, sobre as divulgações precipitadas sobre as radiações provocadas pelos problemas de Fukushima, e outro de Shashi Tharoor, que é ministro para Desenvolvimento de Recursos Humanos da Índia, sobre a rápida disseminação das redes sociais utilizadas pelos políticos daquele país. Acredito que as informações rápidas e curtas tendem a fornecer quadros incompletos para uma adequada avaliação, mas estão se disseminando numa velocidade impressionante, inclusive em países emergentes como o Brasil, a Índia e a China, onde os meios tradicionais eram deficientes, que passam a utilizar muitos celulares.

David Roberts e Ted Lazo, utilizando exemplos de informações distorcidas até pela imprensa escrita tradicional, propõem que haja uma espécie de ombudsman com elevada credibilidade científica, para oferecer informações abalizadas nos futuros desastres que venham a ocorrer no mundo, pois os prejuízos causados por informações incompletas são elevados. Shashi Tharoor, que se considera um dos pioneiros na utilização do Twitter na Índia, coloca a sua posição que estas redes ainda não decidem eleições, mas estão se tornando importantes para a comunicação dos políticos com a população, dada a sua rápida propagação.

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No primeiro artigo citado, com base nas experiências de Chernobyl, Three Mile Island e Fukushima, David Roberts e Ted Lazo citam que jornais tradicionais como The Washington Post, The New York Times e Times alarmaram as populações com informações científicas exageradas diante da falta de informações oficiais confiáveis das autoridades, que também estavam enfrentando situações inusitadas. Citam com detalhes técnicos o que foram noticiados, que deveriam ser comparados com as contaminações normais que ocorrem por toda a parte, com explicações adequadas para o público leigo, que sofre as suas consequências.

Shashi Tharoor também menciona com detalhes, inclusive numéricos, o que veio acontecendo na Índia, desde quando ele mesmo era motivo de críticas pelo uso pioneiro do Twitter, que agora está disseminado, tanto pelas autoridades locais como nacionais, bem como políticos e suas organizações partidárias. Seu entendimento é que cada vez mais, mesmo com diferenças com os países desenvolvidos, os emergentes que disseminaram os usos dos celulares rapidamente, onde os meios tradicionais de comunicação social como os jornais, as revistas e até as rádios e televisões não atingem a tantos.

Como as cifras indianas são elevadas como os da China, os números acabam sendo de difícil comparação com países do Ocidente, inclusive o Brasil. Mas, como já noticiamos neste site usando avaliações do The Economist, há que se considerar que os meios eletrônicos recentes ganham significativo espaço, mesmo no caso brasileiro há que se considerar que no futuro suas influências acabarão sendo maiores, como estão sendo demonstrados nas mobilizações de grandes públicos, em muitas partes do mundo, ainda que por razões que apresentam diferenças para cada país.

Não há como fugir desta realidade, lamentando que a tendência seja a da velocidade com informações sucintas que nem sempre permitem uma avaliação mais cuidadosa, determinando reações coletivas que são mais emocionais, como os comportamentos de manada, que podem ter fortes impactos econômicos, sociais e políticos.

As propostas como de David Roberts e Ted Lazo podem ser importantes para assuntos de grande complexidade técnica, como as radiações e muitos problemas de sustentabilidade como as contaminações que estão ocorrendo com as águas subterrâneas, onde mesmo os cientistas não conseguem um razoável consenso.

Mas, nos problemas sociais, econômicos e políticos, estes tipos de mecanismos, como o de uma figura semelhante a um ombudsman, parecem mais difíceis de contribuir, pois o consenso é mais difícil de ser conseguido. No entanto, os que pretendem pensar de forma mais responsável precisam discutir o assunto diante de uma realidade existente, que vai exigir algum tipo de ação ou mecanismo que não se sabe ainda exatamente qual seja, que permita uma participação mais ampla e democrática da população. Parece o momento adequado para estudar mais profundamente os meios que vieram sendo utilizados pelas sociedades mais democráticas ao longo da história.



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