Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Problemas no Japão Apesar do Otimismo Oficial

13 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Depois de um longo período de baixo crescimento da economia japonesa, o governo de Shinzo Abe vem procurando estimular o seu crescimento, agravado pelo terremoto do seu nordeste, com a ajuda de Haruhiko Kuroda, governador do Bank of Japan. Vem adotando um easing monetary policy, à semelhança dos Estados Unidos, provocando uma sensível desvalorização do yen, para tornar competitivas suas exportações no mercado internacional. Os empresários expressaram na pesquisa trimestral conhecida como Tankan a disposição de aumentar seus gastos de capital. É preciso entender que o Japão está passando por uma eleição, onde o governo espera conseguir a maioria também na Câmara Alta, o que já dispõe na Câmara Baixa, para ajudar a promover reformas constitucionais, aumentando sua capacidade de defesa externa. Tudo parece correr bem, mas existem algumas preocupações com suas reservas estrangeiras como nas condições sociais dos idosos.

O novo governo japonês vem fazendo variados pronunciamentos e tomando medidas para estimular a sua economia, que só pode ocorrer de uma forma lenta, até porque a economia mundial ainda apresenta preocupações significativas, como o FMI vem indicando, não só com a redução do crescimento das economias emergentes como também as dificuldades enfrentadas pelos Estados Unidos, inclusive o Japão. A China é um parceiro estratégico do Japão, que é o seu maior parceiro comercial, e, com os seus problemas, a desaceleração do seu crescimento aparenta ser mais acentuada que os seus governantes gostariam.

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O jornal econômico Nikkei informa que as reservas internacionais do Japão decresceram 5,2% em fins de junho, US$ 27,7 bilhões, considerando o último semestre, enquanto a Coreia do Sul e a China continuaram aumentando respectivamente em US$ 18,7 bilhões e US$ 130,4 bilhões no mesmo período. Na realidade, o governo japonês vem se esforçando para conseguir investimentos estrangeiros diretos, inclusive com a criação de zonas especiais para instalar escritórios internacionais voltados para a Ásia.

A balança comercial japonesa vem se mantendo deficitária diante da importação de energia na forma de petróleo e gás. As exportações decresceram depois do terremoto e tsunami, e as contaminações provocadas pelos mesmos continuam preocupando com possíveis vazamentos que possam ocorrer.

Os investimentos diretos dos japoneses no exterior continuam crescendo, enquanto os de estrangeiros no Japão não apresentam a mesma tendência, mesmo com os estímulos fiscais.

Ainda que o Japão seja um país cuja população esteja decrescendo e conta com um elevado nível econômico, e muitos idosos venham aumentando os seus dispêndios, observa-se uma desagregação familiar que não era acentuada no passado. Um artigo publicado no Japan Daily Press informa que a Polícia Metropolitana de Tóquio afirma que idosos que furtaram foram mais numerosos que os adolescentes, desde que estes levantamentos foram iniciados.

3.321 idosos com mais de 65 anos foram presos em 2012, com suspeitas de furtos, representando 24,5% do total, quando os adolescentes chegaram a 23,6%. O crescente isolamento destes idosos na sociedade japonesa tem sido citado com um dos grandes problemas. Uma pesquisa do governo mostrou que 3,5 milhões de idosas e 1,4 milhões de idosos vivem agora sozinhos, havendo casos de mortes que permanecem desconhecidas por semanas e meses.

Estes lamentáveis dados mostram que os atuais problemas japoneses não se resumem somente nos econômicos, sendo que as mudanças culturais que estão se observando são mais difíceis de serem enfrentados. Sem dúvida, existem incontáveis aspectos positivos no Japão, mas também não se pode ignorar que novos problemas acabam surgindo, numa sociedade que aumenta seus idosos, a população não cresce e os laços passados estão sendo abandonados, ainda que desastres como o de Fukushima tendam a corrigir alguns de suas distorções, como a necessidade de refortalecimento dos laços familiares.



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