Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Diferenças de Situações Entre Economias Emergentes

26 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Um interessante e esclarecedor artigo foi publicado por José de Castro e Roberta Costa no Valor Econômico de hoje mostrando as diferentes formas pelas quais as economias emergentes estão defendendo suas moedas. Inicialmente, seria interessante explicar que as atuais fortes flutuações cambiais ocorreram a partir da ameaça do FED – Banco Central dos Estados Unidos alterar a sua atual política de ampliação das disponibilidades monetárias, que se dirigiam parcialmente para estas economias nas formas de fluxos financeiros. Quando aumentaram com os chamados easing monetary policy as disponibilidades de dólar no mercado, alguns foram especular nestas economias. Com a ameaça de término destas operações, registrou-se um refluxo das mesmas provocando valorizações exageradas nos seus câmbios.

No Brasil, que conta com um sistema financeiro bastante sofisticado, as empresas que possuem responsabilidades em moedas estrangeiras procuraram se defender dos riscos de um câmbio desvalorizado, ainda que elas acabem beneficiando as exportações e tendendo a reduzir as importações. A mudança de patamar, que não se sabe em que nível se situaria, fez com que elas procurassem no mercado futuro assegurar-se de sua disponibilidade para neutralizar os riscos. Nos outros países, como a Indonésia ou a Turquia, que não contam com mercados tão sofisticados, as operações acabam ocorrendo com a compra de moedas estrangeiras, ou de ouro como o que aconteceu na Índia, sem que o mercado futuro e seus derivativos sejam utilizados.

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Quando as autoridades como o do Banco Central do Brasil atuam no mercado de câmbio, não necessitam fazer diretamente com a compra e venda de divisas, que também pode ser feito com montantes limitados. Além da preocupação dos impactos inflacionários do câmbio, o que desejam é evitar flutuações muito violentas que não beneficiam a ninguém senão aos operadores do sistema financeiro. Também estas operações não são somente numa direção, pois podem reduzir os riscos de desvalorizações exageradas, com um elevado número de operações, que também resultam em compras, dependendo das cotações que vão se registrando ao longo dos dias.

As informações do artigo são de que mesmo as principais instituições bancárias que acompanham este mercado chegaram à conclusão que as autoridades brasileiras, no balanço de todas as intervenções, não acabaram utilizando nenhuma divisa das suas reservas internacionais.

O mercado estima que os países emergentes no seu conjunto acabaram utilizando mais de US$ 150 bilhões de suas reservas, mostrando que existem diferenças substanciais entre elas. Na realidade, somente com as autoridades anunciando a disposição de utilizar montantes expressivos acabam inibindo especulações cambiais.

Lamentavelmente, os que operam nos mercados como os cambiais procuram somente maximizar os seus lucros privados, pouco se importando com o que acontece na economia de um determinado país ou no mundo. A obrigação das autoridades monetárias seria neutralizar estas atuações, criando condições em que não possam obter grandes lucros com suas agilidades, que em nada beneficiam a economia.



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