Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldade em Lidar Com os Problemas Recentes

9 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , , ,

Dois meses depois do início das manifestações populares no Brasil, parece que só é possível extrair algumas considerações genéricas sobre o que aconteceu, dada a amplitude dos problemas colocados de formas variadas. O suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico apresenta um resumo do debate promovido pelos jornalistas principalmente com alguns cientistas políticos. Só parece ser possível entender que os mesmos mobilizaram grandes massas, contaram com o apoio da população, expressaram insatisfações com o atendimento de suas aspirações e desejo de participação democrática. Foram feitos paralelos com o que aconteceu na Turquia e Egito, com o sentimento de mudanças importantes que deverão continuar, mas não se identificando como estes sentimentos serão canalizados no futuro.

De outro lado, um artigo publicado no The Economist constata a brutal queda da popularidade do governo Dilma Rousseff, mas sem que fique claramente definida qual sua consequência política nas próximas eleições presidenciais. Também constatam que os principais opositores declarados com chances eleitorais não foram beneficiados, sendo que a mais expressiva melhoria teria sido da Marina Silva, com a chamada Rede de Sustentabilidade, ainda pouco claro nas suas propostas de um programa para atender as insatisfações manifestadas popularmente.

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Teriam participado do debate do Valor Econômico uma equipe de jornalistas composta por Maria Cristina Fernandes, Viana de Oliveira, Robinson Borges e Bruno Yutaka Saito, e os professores de ciência política José Álvaro Moisés, da USP, e Jairo Nicolau, da UFRJ, de comunicação e jornalismo, Eugênio Bucci, da USP, e Bruno Torturra, cofundador da Mídia Ninja. Reconheceram a participação violenta do Black Bloc que já esteve presente no Occupy Wall Street.

Foram feitas colocações como a história mal começou, era um movimento diferente de tudo que já ocorreu no Brasil, reivindicava-se mais democracia e participação, havia uma insatisfação com os políticos, decorria da vivência da população, o despreparo das autoridades em lidar com elas, necessidade de recuperar a dignidade política, os participantes não eram candidatos e outras considerações genéricas.

Apesar de reconhecerem que se trata de um movimento importante, ninguém parece seguro para afirmar que mudanças serão processadas e quais serão as consequências para as próximas eleições, notadamente parlamentares, apesar do sentimento de mudanças. Como as reivindicações são amplas, ainda que os executivos federais e locais procurem atender algumas delas, não se observam formas operacionais pelas quais elas serão aproveitadas.

O The Economist utiliza os dados da Datafolha para mostrar a brutal queda do prestígio da Dilma Rousseff, que mantinha elevados patamares, com ligeiras melhorias para Marina Silva e Aécio Neves. Mas reconhecem que outros fatores estão sendo colocados pela imprensa, não ficando claro que consequências advirão destas manifestações com efeitos eleitorais.

Parece que se sugere que algumas mudanças serão qualitativas, esperando-se novas posturas dos políticos. Os muitos candidatos querem representar as aspirações que foram expressas, mas parece que ainda não surgiu nenhum grupo capaz de colocá-los dentro de um programa político claro, visando obter o poder no futuro.



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