Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Foreign Policy Preocupado com o Japão

1 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , | 3 Comentários »

Esta importante revista de política internacional Foreign Policy publica um artigo elaborado por Philippe De Koning e Phillip Y. Lipsey mostrando suas preocupações com o Japão e a política de Shinzo Abe. Segundo eles, o atual governo faz pouco para tranquilizar seus vizinhos asiáticos, pois determinou ao seu ministro da Defesa, Itsunori Onodera, uma prioridade para trabalhar sem nenhuma trégua, o que o levou a solicitar revisões expressivas. Ele estaria aparelhando sua frota marítima, admitindo até alguns ataques preventivos sobre ilhas em disputa. Os chineses e os coreanos do sul estariam exacerbados em suas tensões, constatando por uma pesquisa do Pew Reserch Center que 85% teriam agravados seus sentimentos desfavoráveis ao Japão com as disputas de ilhas.

Com a estrondosa vitória eleitoral na Câmara Alta, estaria em condições de provocar uma reforma constitucional. O fato concreto é que, com os cortes orçamentários feitos no passado, o Japão não está atualizado para aventuras militares. Seus recursos diminuíram em 5 por cento na última década. Enquanto o da China aumentou em 270%, Coréia do Sul em 45% e Taiwan em 14%. Atualmente, o orçamento japonês é um terço do chinês para finalidades militares. Como no Japão as tendências são de manutenção dos empregos, os cortes recaíram sobre os investimentos em equipamentos. Portanto, o que o Japão consegue fazer é somente a manutenção do que dispõe. Planeja adquirir 42 F-35 na próxima década, somente para substituir os velhos F-4EJ, mas tudo indica que isto acabará sendo adiado.

JMSDF-2009-6

O artigo do Foreign Policy informa que já há preocupações nos círculos políticos norte americanos com as declarações de Shinzo Abe que podem minar os interesses dos Estados Unidos. Com eventuais conflitos nas disputas das ilhas, eles poderiam ser arrastados para uma escalada involuntária, como o principal aliado dos japoneses.

No passado, o Japão ajudou os Estados Unidos na Ásia Oriental, mas o artigo ressalta que a dívida pública de 235% sobre o PIB, continuando com déficit fiscal, não os permite aumentar seus dispêndios militares, realisticamente. Os próprios atritos dos norte-americanos com a relocalização de suas bases no Japão precisam ser resolvidos rapidamente.

Segundo a revista Foreign Policy, o Japão deveria utilizar a sua maioria parlamentar para reformas pragmáticas e não ideológicas. Segundo ela, as prioridades deveriam ser os problemas duradouros do Japão como a estagnação econômica, dívida pública e declínio demográfico. Sem resolver os problemas subjacentes, aumentar os gastos militares seria insustentável.

O prestígio internacional do Japão seria mais crível com sucessos econômicos do que simbólicos gestos nacionalistas, que aumentam os antagonismos com seus vizinhos, segundo o artigo.

Tudo isto mostra que o que é possível guardar alguma distância com o que seria desejável, e o cenário internacional, lamentavelmente, não é favorável para ousadias japonesas, que necessitam concentrar suas atenções em objetivos alcançáveis.


3 Comentários para “Foreign Policy Preocupado com o Japão”

  1. mike
    1  escreveu às 22:50 em 1 de agosto de 2013:

    “O atual governo (japonês) faz pouco para tranquilizar seus vizinhos asiáticos…”!?
    Que inversão de valores é esse? Quem precisa tranquilizar quem? A vítima que precisa tranquilizar um assaltante?
    A verdade é que os japoneses tem procurado resolver as questões com seus vizinhos de forma pacífica, diplomática e responsável, como qualquer outra nação madura. Já os governos chineses e coreanos, para se desviar de incoerências internas, aventuram em fantasias militares ameaçando a estabilidade da Ásia, e neste caso, é natural e legítimo que o Japão se adeque a esta contingência, fortalecendo suas forças armadas, mesmo que pareça custoso. A resposta deve ser rápida e enérgica para o bem de todos, caso contrário o custo da letargia será imenso no futuro, e todo sacrifício poderá ser em vão, infelizmente.
    Talvez tenha chegado a hora do Japão revisar profundamente sua Constituição, contemplando entre outras coisas, o retorno do serviço militar obrigatório, assim como é no Brasil.

  2. Milton
    2  escreveu às 14:30 em 2 de agosto de 2013:

    Texto confuso, não dá pra entender o que o autor pretende dizer.
    Abaixo transcrevo trechos que entram em contradição:
    “Segundo eles, o atual governo faz pouco para tranquilizar seus vizinhos asiáticos, pois determinou ao seu ministro da Defesa, Itsunori Onodera, uma prioridade para trabalhar sem nenhuma trégua, o que o levou a solicitar revisões expressivas”.
    (…)
    “Planeja adquirir 42 F-35 na próxima década, somente para substituir os velhos F-4EJ, mas tudo indica que isto acabará sendo adiado”.
    Comento:
    Oras, no início o autor do texto diz que o governo do Japão solicitou revisões expressivas ao ministro da Defesa, dando a entender que o país está colocando maior prioridade nas questões de segurança nacional, mas logo em seguida diz que nem a substituição dos F-4EJ está garantido, indicando que poderá ser adiado, ou seja, a segurança nacional não é tão prioritário chegando ao ponto de haver cortes no orçamento militar.

  3. Paulo Yokota
    3  escreveu às 18:18 em 2 de agosto de 2013:

    Caro Milton,

    Lamento que o texto lhe pareça confuso. Uma coisa é o desejo, outra a possibilidade de realiza-lo. Quem tem um pouco de experiência sabe que há uma grande distância entre as duas, e lamentavelmente o governo japonês está tentando criar uma expectativa, que não tem condições de atender, pelo contrário, constrangendo muitos aliados.

    Paulo Yokota


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