Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Carência Mundial Atual de Estadistas

26 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , , ,

Num artigo brilhante, escrito por Ian Bremmer para a Reuters, comenta-se sobre o pronunciamento feito pelo presidente Barack Obama na Assembleia Geral da ONU. Sua justificativa da posição norte-americana sobre a Síria demonstra a falta de uma clara política externa no maior país do mundo. Observou o presidente que os retornados dos conflitos no Iraque e no Afeganistão são hostilizados nos Estados Unidos. Ainda assim, ele entende que o vazio precisa ser preenchido pelos norte-americanos para a defesa de sua própria segurança, mesmo que não tenha recebido o respaldo no G-20. No artigo, o jornalista informa que na última eleição de 2012 somente 5% dos eleitores consideraram importante a política externa, que, segundo o autor, encontra-se sem orientação.

Quando Hillary Clinton era a secretária de Estado do primeiro mandato de Barack Obama, havia se estabelecido que a Ásia fosse o ponto vital dos seus interesses, tanto pela importância ganha pela China como por toda a relevância econômica. Mas, no discurso de Barack Obama na ONU, ele referiu-se ao Irã com 25 menções, a Síria mereceu 20, Israel e Palestina 15 e 11. Ou seja, as atenções da política externa dos Estados Unidos foram voltadas para o Oriente Médio, sem que esta mudança de orientação seja do consenso norte-americano.

barackobama 

Barack Obama durante discurso na Assemleia Geral da ONU

O único ato de Barack Obama com relação à Ásia foi o seu encontro com Xi Jinping, referindo-se ao ciberataque. No entanto, Dilma Rousseff, que tinha sido convidada para a única visita de Estado este ano pelos Estados Unidos, cancelou a sua viagem em decorrência da ação da Agência Nacional de Informação dos Estados Unidos que estaria bisbilhotando tanto a presidente como a Petrobras, criando um constrangimento, pois este tipo de atividade tem se estendido a muitos cidadãos e países.

Com tudo isto se fica com a impressão que Barack Obama não se consolida como um líder dos Estados Unidos, parecendo que seu mandato já não pode oferecer muitos resultados, sendo considerado como um lame duck, deixando um vácuo de poder.

Observando-se o que ocorre no resto do mundo, verifica-se que todos os líderes procuram ainda se consolidar no poder, com exceção de Angela Merkel que conquistou o seu novo mandato, firmando-se como a única voz de estadista que pode consertar a abalada Europa.

Na Ásia, os líderes chineses ainda lutam para conseguir as suas reformas e no Japão o primeiro-ministro tenta com o seu Abeconomics recuperar a sua economia, dependendo da aliança com os Estados Unidos e com o TPP – Transpacific Partnership para consolidar uma contraposição ao crescimento da China, inclusive na área militar, para um equilíbrio geopolítico.

No momento em que o mundo procura se recuperar economicamente, ainda sob a forte influência do sistema bancário, Barack Obama não consegue nem emplacar o seu favorito para o comando do FED – Banco Central dos Estados Unidos, mostrando a profunda divisão que existe no seu país, cujo comando não tem uma marca forte.

Mesmo com as críticas que se fazem aos países emergentes, estes ainda conseguem uns crescimentos superiores à recuperação que se inicia ainda nos países chamados desenvolvidos. Os organismos internacionais se mostram fragilizados não conseguindo resolver os grandes problemas do mundo, mostrando também a carência de verdadeiros estadistas para romper estas situações desconfortáveis.



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