Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Análises do Foreign Affairs Sobre a China e EUA

15 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

É evidente que uma potência econômica e militar como os Estados Unidos, a mais importante do mundo, precisa contar com grupos que fiquem estudando todas as possibilidades de evolução dos seus problemas de segurança nacional, que afetam também os seus muitos aliados. A China é hoje o contraponto aos Estados Unidos e seus aliados asiáticos, tanto pelo seu surpreendente crescimento econômico das últimas décadas como pelo aumento de sua influência nos mares que as cerca, onde existem muitas disputas territoriais, inclusive sobre ilhas estratégicas. Ainda que estes problemas venham sendo estudados com muito cuidado, o fato é que depois de diversos erros dos Estados Unidos no Iraque, no Afeganistão, além dos infindáveis problemas que enfrentam no Oriente Médio, enfraqueceu as possibilidades de elevados gastos militares dos norte-americanos na Ásia, gerando dificuldades adicionais. Não chega ainda ao nível da Guerra Fria que havia com a antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, mas é preocupante.

Um artigo recente de Avery Goldstein, que ocupa como professor a cadeira Devid M.Knott do Global Politics and International Relations e Director of the Center for the Study of Contemporary China na University of Pennsilvania, foi publicado no Foreign Affairs, sendo um resumo do publicado no International Security, da primavera deste ano no hemisfério norte.

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Avery Goldstein

De alguma forma, os dois países vieram evitando a possibilidade de aumento das tensões entre ambos, mas os Estados Unidos insistem que as águas territoriais e os espaços aéreos se tornam internacionais depois de 12 milhas da costa de um país. É um problema que coloca também o pré-sal brasileiro em risco, se houvesse uma disputa sobre o mesmo. A China, por outro lado, entende que este limite vai para 200 milhas, mas, como os dois países não são considerados atualmente adversários, um confronto não se coloca em questão. A posição dos Estados Unidos sobre as disputas territoriais dos seus aliados com a China vem sendo até agora confusa, de certa neutralidade.

O que pode conduzir a uma Guerra Fria não fica ainda claro. Ambos os países são potências nucleares e os custos de um conflito são elevados, o que vem contendo os dois países. Mas suas forças convencionais podem ser utilizadas para aumentar o poder de barganha, segundo o artigo. Parece que ambos os lados pensam que as dissuasões do poder nuclear são suficientes no momento.,

Os avanços tecnológicos vêm aumentando a precisão das armas convencionais. Os computadores e os satélites disponíveis podem desencadear ataques cibernéticos, com uma velocidade muito rápida, procurando vantagens numa crise. Ambos os países dispõem de vulnerabilidades que podem ser atingidas.

Existem sistemas de comunicação para evitar crises, mas nem sempre funcionaram no passado. Há dificuldades também para se atingir um consenso nos Estados Unidos, e mesmo no Conselho de Segurança das Nações Unidas não há confianças adequadas. As declarações públicas são para diversos públicos, e as paixões nacionalistas e as pressões dos aliados podem agravar a situação.

Os chineses contam com sistemas para ações de advertências para os dispositivos militares norte-americanos nas proximidades da Ásia. Existem riscos para uma escalada não intencional, pois todos os meios não são precisos suficientemente, segundo o artigo.

Existem, em ambos os lados, os sistemas chamados SSBN – pequenas frotas de submarinhos com mísseis balísticos, que também apresentam riscos. Neles, também os Estados Unidos contam com superioridade no momento. Podem ocorrer problemas de comunicação, com o início de ações isoladas.

As possibilidades de uma crise entre os Estados Unidos e a China são consideradas baixas nos próximos anos, mas não são desprezíveis, segundo o articulista. Recomenda-se aprofundar os intercâmbios políticos e militares para diminuir as incertezas sobre os alcances dos interesses vitais. Poderiam ser diminuídas as fontes de instabilidades potenciais, para gerir os riscos de uma crise.

Os atuais intercâmbios são considerados modestos, segundo o artigo. Sem comprometer segredos militares, eles poderiam ser intensificados, de forma a evitar escalas involuntárias. Estabelecer um clima de confiança entre os líderes políticos seria importante. O fato objetivo é que sempre existem, em ambos os lados, os que pensam de forma radical, que não facilitam os entendimentos.

O problema é que isto afeta a todo o mundo.



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