Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Debates Sobre a Abeconomics

26 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Política | Tags: , , ,

Koichi Hamada é professor emérito da Universidade de Tokyo, professor de Economia na Universidade de Yale e assessor especial do primeiro-ministro Shinzo Abe. Nada mais natural que ele se posicione a favor das medidas tomadas pelo governo do seu país, que aprovou o aumento dos impostos sobre as vendas de 5 para 8% numa primeira fase, devendo alcançar 10% nos próximos 18 meses, que muitos acreditam seja ainda insuficiente para manter o seu nível de dívida pública de 200% do PIB. Ele recomenda que o Bank of Japan flexibilize a sua política monetária para evitar que esta medida prejudique a recuperação da economia japonesa, que ainda se encontra nos seus estágios iniciais. O seu artigo publicado no Project Syndicate indica que esta campanha para convencer os líderes de opinião é necessária, pois existem muitas dúvidas ainda sobre o sucesso do chamado Abeconomics.

Ele informa que o Ministério de Finanças do Japão está engajado na disseminação de um cenário mais positivo, e que o Gabinete do primeiro-ministro convocou 60 líderes empresariais, acadêmicos e economistas, quando 70% dos participantes expressaram ao seu apoio à estratégia que vem sendo adotada. Quando se dissemina que a dívida pública japonesa supera em 200% o PIB, ele considera que não está se retirando os ativos que os japoneses possuem o que reduziria a dívida líquida para algo em torno de 100% do PIB, que equivaleria a dos Estados Unidos.

hamada

Koichi Hamada

Ainda que os economistas acadêmicos japoneses não sejam os que mais se ressaltam no mundo pelas suas contribuições, Koichi Hamada procura expressar algumas opiniões de outros estrangeiros mais conhecidos para apoiar a sua argumentação. Jeffrey Frankel, por exemplo, recomenda um aumento de imposto mais lento, como por exemplo, um por cento anual nos próximos cinco anos, com o anúncio antecipado desta decisão. Ele também cita o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, dizendo que esta campanha efetuada no Japão poderia ser denominada “captura cognitiva”.

Ele também menciona os ensinamentos de Mundell-Fleming, que descreve as relações de curto prazo entre a taxa nominal de câmbio, taxa de juros e da saída aberta da economia, sob regime de taxa flexível de câmbio do Japão, mostrando que a flexibilidade monetária poderia neutralizar eventuais problemas de manutenção da recuperação. Na realidade, esta flexibilidade já vem sendo adotada provocando a desvalorização cambial do yen, e recuperação das cotações da bolsa, mas ainda não conseguiu reverter a competitividade da economia japonesa a ponto de obter um saldo comercial positivo. E os países que não podem provocar esta desvalorização acabam sendo afetados pelos Estados Unidos e pelo Japão, não propiciando uma recuperação saudável da economia mundial, até agora.

Ainda que a recuperação da economia japonesa venha se processando de forma modesta, a realidade é que o seu custo vem sendo suportado pelos agricultores, idosos e os que contam com menor capacidade de reagir às suas perdas, com a reversão do quadro político, mas que vão acumulando veladas resistências.

É evidente que os empresários e a mídia estão engajados nesta campanha, pois entendem que o Japão não suporta manter-se ainda sem crescimento econômico que já perdura por duas décadas, com deflação. Mas até agora as pressões inflacionárias ainda não tendem a chegar a uma média de 2% nos próximos anos.

O fato concreto é que todo o mundo continua enfrentando suas dificuldades, e o ritmo de recuperação exige muita paciência e sacrifícios de determinados setores, agravando a distribuição dos benefícios para a população. De qualquer forma, o governo japonês não poderia se manter imobilizado, e tenta das formas possíveis ativar a sua economia, contando com um expressivo apoio da opinião pública.

Uma economia japonesa mais ativa ajuda o resto do mundo, até porque eles estão mais ativos nos investimentos e financiamentos que podem proporcionar demandas para suas empresas no exterior. Qualquer crescimento, onde for possível, acaba ajudando o resto da economia mundial.



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