Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Grandes Empreendimentos de Produção de Cereais

6 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Um artigo elaborado por Tatiana Freitas, junto com um quadro de informações adicionais na Folha de S.Paulo, relata sobre a formação de algumas megafazendas no Brasil. Com produção dominante de soja, milho, algodão e alguns produtos, esses fazendeiros tiram partido das dimensões de suas terras para conseguir vantagens nas compras dos insumos e vendas de suas produções. Utilizam grandes quantidades de sofisticados equipamentos agrícolas, necessitando relativamente de pouca mão de obra simples, uma quantidade limitada de recursos humanos especializados. A agricultura costuma ser uma atividade que exige presenças locais e rapidez nas decisões, em decorrência das rápidas mudanças climáticas como ocorrência de pragas com possibilidade de disseminações aceleradas.

Muitas das atividades eram familiares, mas na medida em que gerações acabam se dedicando, muitos dos descendentes nem sempre contam com as vocações para a continuidade das atividades dos seus iniciadores que eram pioneiros bem sucedidos nos seus empreendimentos. Acabam dependendo de profissionais especializados, também com especial capacidade para exercerem atividades empresariais, tendo outras qualidades que não costumam ser de agricultores, como operações financeiras de maior sofisticação, inclusive de nível internacional.

7111295578dia-de-campo-na-fazenda-nova-fronteira-pioneira-na-producao-de-algodao-no-cerrado-piauiense-77121

O quadro de informações que acompanha a matéria informa sobre empreendimentos que superaram a 300 mil hectares de área plantada. Dificilmente estão numa só fazenda, dada às dificuldades de obtenção de terras, havendo também alguns arrendamentos.

Mas, cita-se que além das vantagens na obtenção de insumos e melhores condições sobre as vendas das produções, eles tiram partido das valorizações das terras, que acabam com o tempo melhorando de qualidade. Muitas destas áreas localizam-se no amplo cerrado brasileiro, tendo ganhado impulso em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e do Norte, Oeste baiano, Tocantins chegando até o Pará, Maranhão e Piauí.

Como estas áreas estão no seu limite, avança-se para a melhoria da eficiência do seu uso, deixando de ser, por exemplo, pastagens para passarem a áreas de cultivo. Onde existem recursos hídricos efetuam-se mais de duas explorações anuais, com o uso da irrigação, muitos visando as produções de sementes selecionadas, de mais alto valor. Revezando produções de soja com a de milho, por exemplo, incorporam-se elementos contidos nas plantas de soja nas produções de milho.

Hoje, com a ajuda da Embrapa, conseguiram-se tecnologias adequadas para as explorações das terras pobres, mas com topografia adequada para a exploração mecanizada. Também as sementes foram adequadas para estes variados climas, e mesmo as técnicas, como do plantio direto, foram desenvolvidas e disseminadas. Não se ara a terra como no passado, mas aproveita-se o produto orgânico da colheita anterior e lança-se a semente diretamente no campo, com melhor liberação do carbono.

Os recursos humanos utilizados necessitam estar muito treinados nos usos dos equipamentos sofisticados, havendo os que trabalham de dia como à noite nos períodos de necessidade. Pulverizadores aéreos também se tornam indispensáveis. Mas é preciso contar com profissionais que residam no local para identificar rapidamente eventuais problemas, que costumam exigir decisões rápidas.

Com a montagem de todos estes sistemas complexos, alguns grupos já estão ampliando suas atividades em terras semelhantes, como as savanas africanas, que apresentam vantagens de escoamento para mercados asiáticos. Mas acabam gerando reclamações que poucos recursos humanos locais são aproveitados, pela exigência de intensos treinamentos e experiências nestes manejos complexos.

Na realidade, estes aperfeiçoamentos estão permitindo uma rápida transição de atividades agrícolas familiares para grupos empresarias de porte, com sofisticações para tirar proveitos de todas as vantagens dos mercados como o de capitais. Necessitam de diversificações de suas atividades para minimizarem as variações dos mercados que costumam ser intensos, dependendo não somente de produções locais, como de todas as demais do mercado global.

Na realidade, este segmento agrícola, com a incorporação de novas tecnologias e eficiência de suas operações, está sustentando parte da economia brasileira, o que não vem se obtendo em outros setores como os industriais e de serviços que sofrem as limitações das condições econômicas para manter sua competitividade internacional.



Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: