Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Problemas da Desindustrialização Prematura

12 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

O conhecido professor de ciências sociais Dani Rodrik, do Institute for Advanced Study, Princeton, New Jersey, USA, apresenta no seu artigo divulgado pelo Project Syndicate um instigante problema da desindustrialização cada vez mais prematura nos países emergentes, inclusive no Brasil. Ele faz um rápido apanhado histórico mostrando que desde a Revolução Industrial, que começou na Grã-Bretanha, o pico do percentual do emprego industrial ocorreu antes da Segunda Guerra Mundial, quando atingiu 45% do total dos empregos. Já em 1970 estava em torno de 30%, e atualmente encontra-se em menos de 10%, mas ajudou no aumento da produtividade da mão de obra, que marcou o seu processo de desenvolvimento.

Ele cita outros dados dos países desenvolvidos, onde os Estados Unidos cuja indústria empregava menos de 3% da força de trabalho no início do século XIX, atingiu 25-27% no terço médio do século XX, e está absorvendo menos de 10% nos últimos anos. Na Suécia, chegou-se a um pico de 33% em 1960, e mesmo na Alemanha, considerada a economia industrial mais forte do mundo, o seu pico foi em torno de 1970, com cerca de 40% do emprego. Segundo Robert Lawrence, da Universidade de Harvard, a desindustrialização a desindustrialização é um fenômeno comum e antecedeu a recente onda de globalização econômica.

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O autor afirma que alguns países asiáticos conseguiram imitar este padrão, como no caso da Coreia do Sul. Em 1950, contavam com percentual abaixo de dois dígitos de emprego industrial, tendo chegado em 28% em 1989, desde quando caíram dez pontos percentuais. Em três década passou por uma transformação que no início da industrialização levou mais de um século na Grã-Bretanha.

Mas, segundo o autor, o padrão no mundo em desenvolvimento está passando por mudanças, antecipando o fenômeno do ponto de vista geral. No Brasil, o emprego industrial passou de 12% para 15% entre 1950 a 1980, começando a desindustrializar-se desde o final dos anos oitenta, o que poderia ser atribuído também aos erros de política econômica. Na Índia, o emprego industrial chegou ao baixo pico de 13% em 2002, tendendo agora para baixo.

Pode-se atribuir este fenômeno à globalização, mas não estaria claro. Brasil e Índia não teriam sido capazes de competir com as indústrias da Ásia Oriental. Na China, verifica-se que o emprego na indústria é baixo, e como os dados não são seguros, parece que atingiu o pico de 15% em 1990, permanecendo abaixo desde então.

Os migrantes chineses do meio rural vão encontrar emprego nos serviços e não mais nas fábricas. De forma semelhante, parece que no Vietnã como no Camboja não vão se encontrar empregos como ocorreu na Europa. Assim, nos países em desenvolvimento estão se tornando economias de serviços de baixo nível. Nos atuais desenvolvidos, a sua desindustrialização começou quando a renda per capita estava a US$ 9.000 a US$ 11.000, e agora estão ocorrendo a US$ 2.000 na Índia, US$ 5.000 no Brasil e US$ 3.000 na China.

As suas consequências econômicas, políticas e sociais ainda não são totalmente conhecidas, mas muitas das conquistas nos países desenvolvidos foram obtidas pelos movimentos organizados do trabalho. Este é um problema que deve ser considerado com muita seriedade pelos brasileiros.

Na FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo muitas razões são apontadas para a desindustrialização prematura, envolvendo aspectos importantes da política econômica e industrial. Mas também é possível apontar que o aumento da produtividade vem ocorrendo no meio rural com muitos usos de equipamentos, bem como nos serviços o adequado treinamento proporciona um aumento da eficiência dos recursos humanos, complementado por usos como das facilidades da informática.



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