Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Surpreendente Programação na Sala São Paulo

13 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , ,

Na Paulicéia Desvairada atual e no contexto de um mundo hoje envolvido em calamitosos problemas, no feriado de Nossa Senhora Aparecida, uma plateia privilegiada foi contemplada com um programa de raro deslumbramento, algo totalmente fora do comum. O coral da Osesp – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo em conjunto com o coral Acadêmico, com o apoio da Sinfônica Heliópolis, que se encontra em ascensão, criada na favela do mesmo nome, magnificamente regido pelo consagrado maestro Isaac Karabitchevisky, ofereceu um consagrador concerto, comovente sob todos os aspectos. Teve o dom de provocar a lavagem da alma de todos quantos estavam na plateia, uma experiência próxima da religiosa.

O ponto alto foram as Quatro Peças Sacras de Giuseppe Verdi, compreendendo Ave Maria, Stabat Mater, Laudi Alla Vergine Maria, Te Deum, raramente tocadas no seu conjunto. Sublime, confortante, de rara beleza, com todos os dois coros preparados pela maestrina Naomi Munakata e pelo maestro Marcos Thadeu. Algo raro de se assistir, com a ajuda da jovem Sinfônica de Heliópolis, que está sendo reconhecida no seu esforço de pessoas humildes, regida com competência por Isaac Karabtchevsky, que conta com uma larga experiência e um consagrado nome. Uma peça para revigorar qualquer pessoa que esteja sobrecarregada com os problemas do duro cotidiano. Algo como uma ressurreição, comovente, como poucas vezes apreciada pelos que atendem regularmente as apresentações na Sala São Paulo, considerada pelos especialistas como uma das melhores do mundo.

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Coro da Osesp com a Naomi Munakata, Coro Acadêmico da Osesp com Marcos Thadeu

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Sinfônica Heliópolis com Isaac Karabtchevsky

Antecedeu a peça final uma apresentação do fenomenal Fantasia Coral, Op. 80, de Ludwig Van Beethoven, que na sua primeira audição contou com o maior dos compositores de todos os tempos ao piano, pouco antes da sua surdez. Já antecipava a obra-prima da Nona, com o coral mostrando toda a sua potencialidade, uma festa para a humanidade. Nesta apresentação na Sala São Paulo, estava ao piano o jovem brasileiro Pablo Rossi, que se revela com elevada potencialidade, também com a Sinfônica de Heliópolis regida pelo Isaac Karabtchevsky, cantada pelos corais da Osesp e Acadêmica. Só esta peça já justificaria um concerto.

Mas foi antecedida por um Noturno Para Coro, Piano e Orquestra, de André Mehmari, composto neste ano por encomenda da Osesp. O próprio compositor esclarece no catálogo que a peça lembra as noites de Ribeirão Preto, com os apitos de um guarda noturno, e inspirado no “Kojo no Tsuki”, um clássico japonês sobre a Lua sobre um castelo em ruínas, sobre um texto do poeta Paulo Leminski.

Se a Osesp – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo realiza no momento uma consagradora jornada pelas mais prestigiosas salas da Europa, recebendo elogios da crítica especializada com a regência da Marin Alsop, contando com os solos ao piano do Nelson Freire, o seu público brasileiro sente-se gratificado com as atuais apresentações na Sala São Paulo, mostrando que se conta com substitutos dignos.

Nada melhor que possa elevar o moral de um povo que luta para mostrar que o país conta com condições para mostrar que também está avançando do ponto de vista cultural, ainda que conte com muitas reconhecidas limitações.



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