Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Diferenças nos Aproveitamentos dos Grandes Eventos

15 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia | Tags: , ,

Na recente visita do ex-ministro japonês Heizo Takenaka ao Brasil, ele enfatizou a preparação que o Japão está efetuando para aproveitar as Olimpíadas de 2020. Na realidade, em 1964 já houve uma Olimpíada em Tóquio, quando aquele país já estava plenamente recuperado da Segunda Guerra Mundial e desejava mostrar ao mundo o avanço que já tinha conseguido. Para tanto, aquele importante evento foi utilizado para modificar totalmente o tratamento que proporcionavam aos visitantes estrangeiros. Como exemplos, citam-se as mudanças ocorridas nos comportamentos dos taxistas, que antes eram conhecidos como kamikazes, que procuravam aproveitar todas as oportunidades para consumir menos tempo nos deslocamentos de um lugar para outro, com uma forma perigosa de dirigir os seus veículos.

Depois de uma orientação dada pelas autoridades japonesas, eles alteraram completamente seu comportamento e passaram a dirigir respeitosamente pelo trânsito daquela grande metrópole, que ainda contava com ruas e avenidas relativamente estreitas para os padrões ocidentais. A sua atenção com os passageiros, não somente estrangeiros como locais, passou a ser cortês, despertando a atenção de todos, ainda que sua compreensão de idiomas estrangeiros continuasse precária. Mas eles entendiam o básico em inglês, o suficiente para atender suas ordens.

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Rio de Janeiro                                               Tóquio

Também o comportamento nas lojas japonesas foi alterado, com os atendentes procurando o máximo de cortesia com os clientes, que se tornou uma marca importante da cultura japonesa. Portanto, os benefícios não foram somente na melhoria da infraestrutura de transporte na cidade de Tóquio como no Japão, mas utilizou-se aquele evento para aperfeiçoamentos mais profundos na cultura japonesa, que incorporou mudanças importantes que perduram até hoje.

Os visitantes estrangeiros, como os japoneses, ficam admirados com os brasileiros que terão em 2014 a Copa do Mundo e em 2016 as Olimpíadas no Rio de Janeiro. A menos de um ano do principal evento futebolístico do mundo, ainda se discute o atraso nas construções dos estádios, sem falar em toda a infraestrutura para atender tanto os visitantes estrangeiros como nacionais, que estarão deslocando para assistir aos jogos.

As preparações dos hotéis, dos meios de transporte urbano, dos voluntários para orientar os visitantes e tantas outras coisas que necessitam de um adequado treinamento de recursos humanos parecem que só serão providenciadas em cima da hora. Não se pensa em aproveitar os eventos para introduzir melhorias permanentes no Brasil.

Os japoneses estão empenhados em utilizar a Olimpíada de 2020, quatro anos depois da do Rio de Janeiro, e desejam consolidar as reformas que estão sendo feitas dentro da política econômica chamada Abeconomics, que pretende recuperar o crescimento da economia japonesa. Providências para tanto já estão em andamento, e ficam surpresos ao notar que os brasileiros falam pouco de outros projetos que não sejam os estádios.

Seria importante que não somente o governo como todas as autoridades que possuem um mínimo de parcela de responsabilidade destes eventos futuros aprendessem não somente com o Japão, como com outras cidades e países que foram responsáveis pelos eventos passados, aprendendo um pouco de suas experiências, para deixar algumas contribuições para o Brasil do futuro. Não se trata somente de eventos esportivos, mas oportunidades raras para conseguir avanços substanciais no próprio Brasil, que vá além das obras, mas podem deixar marcas de avanços do país em sentidos mais amplos e permanentes.



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