Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Esboços da Atual Geopolítica Mundial

24 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

Ainda que sejam estudos de futurologia que dependem muito do que continuará acontecendo nas próximas décadas em todo o mundo, as hipóteses de geopolítica costumam especular sobre o futuro mais longínquo e as possibilidades da China superar os Estados Unidos na hegemonia mundial nas próximas décadas. A revista inglesa The Economist é uma das que insistem neste assunto, ainda que a China sempre afirme que deseja somente a melhoria do padrão de vida de sua gigantesca população que ainda é muito baixa, não tendo pretensões imperialistas. Ela é feita na análise da atual situação dos Estados Unidos, onde visivelmente o presidente Barack Obama perde importância mundial, num país que depende mais do que acontece no seu setor privado, principalmente na economia. A China também se dispõe a efetuar reformas importantes para superar as suas dificuldades de manutenção de um ritmo de crescimento razoável na próxima década, tentando ampliar suas alianças internacionais.

O que parece evidente é que os Estados Unidos se desgastaram muito com as intervenções que promoveram no Iraque e no Afeganistão, inclusive ameaças na Síria que consumiram muitos recursos e prestígios, exigindo que suas presenças como nos mares que cercam a China contem com colaborações dos seus aliados na região, principalmente nos seus financiamentos. A revista entende que os norte-americanos colheram experiências com suas atuações utilizando suas forças militares em conjunto com os drones, o que os chineses não têm, mesmo contando com o apoio da Rússia, que não aprecia a hegemonia dos Estados Unidos. Mas estas contestações só ocorrem no campo diplomático, onde no Conselho de Segurança das Nações Unidas veta em conjunto as pretensões dos norte-americanos como no caso da Síria e do Irã.

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Os Estados Unidos estão melhorando do ponto de vista econômico com o aumento significativo de sua produção interna de petróleo e gás, notadamente do fraqueamento das rochas do xisto que permite combustíveis baratos, ainda que isto continue poluindo suas águas. Eles afirmam que principalmente o gás é menos poluente que o carvão mineral e continuam dando pequena importância ao lançamento do CO2, mesmo que as irregularidades climáticas estejam aumentando, impondo pesados custos sociais em diversas partes do mundo, inclusive no seu próprio país. Estes e outros posicionamentos determinaram o fracasso das reuniões promovidas em Varsóvia, reunido praticamente todos os países do mundo.

Na China, o presidente Xi Jinping parece ter consolidado de forma impressionante o seu comando político, econômico, tanto interno como o de política externa, impressionando o mundo. Deve esmagar as resistências internas como relacionados com a corrupção, poder das estatais como das autoridades locais, ao mesmo tempo em que promove uma forte distensão política interna, ampliando a participação das massas populares. O primeiro-ministro Li Keqiang tende a se tornar somente a sua sombra, para executar o que ficar sobre a sua responsabilidade. Profissionais preparados como com Liu He, com aperfeiçoamentos em Harvard, com um pequeno grupo de liderança deve ajudar Xi Jinping nas difíceis tarefas de reformar radicalmente a China, adquirindo uma importância política que nem Deng Xiaping, reconhecido como o grande reformador, não teve naquele país.

A China vai depender do fornecimento de energia e matérias primas, ampliando suas influências como na África e em outros países emergentes como o Brasil, consolidando também suas alianças com a Rússia. Sua agilidade e pragmatismo são impressionantes, fazendo uso pleno das reservas de moedas estrangeiras que acumulou os últimos anos. Ainda que esteja aumentando o seu poder militar, ele é insignificante diante dos estoques de armamentos, experiências e tropas de que dispõem os Estados Unidos e seus aliados.

Parece que os chineses possuem a plena consciência desta situação, não se dispondo a correr os riscos como os que levaram a antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas à sua dissolução. A corrida armamentista não parece estar nos seus planos, o que leva a entendimentos para uma convivência com os Estados Unidos, como estão sendo promovidos em diversas reuniões e intercâmbios.

Os Estados Unidos, de sua parte, parecem tentar encurralar estrategicamente a China como movimentos de pinças, tanto com os europeus como com seus aliados na região do Pacífico. Mas conflitos militares entre ambos os blocos não são imaginais pelos custos para todos. Do ponto de vista de relacionamento comercial, todos tentam intensificar com acordos de todos os tipos, mas a experiência passada indica que não suficientes para superar os problemas de hegemonia do poder, segundo a revista.

O quadro atual aparenta contar com dirigentes que se tornaram mais pragmáticos que ideológicos, apesar de sempre se contar com radicais por todos os lados. De outro lado, o poder parece estar mais distribuído, não se concentrando somente nas lideranças de dois blocos, havendo um grande grupo de países intermediários que também aumentaram suas participações nas influências internacionais.



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