Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Equívocos da FIFA Quanto aos Estádios e Horários

6 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Depois de classificadas as seleções de futebol dos países que vão participar da próxima Copa do Mundo em 2014 no Brasil, feitos os sorteios dos grupos que acabam determinando os locais onde serão efetuados os jogos da primeira fase, suas datas e horários, bem como os comentários dos jornalistas brasileiros e estrangeiros, nota-se a dificuldade de todos conhecerem um país tão amplo como o Brasil, com suas acentuadas diferenças regionais. Muitos ressaltaram as distâncias a serem percorridas pelas diversas equipes bem como as temperaturas que deverão enfrentar num horário inconveniente para a prática de esportes como o futebol, num país continental como o nosso. Ainda que a Copa do Mundo seja realizada no inverno brasileiro, o fato concreto é que no Nordeste, no Norte e no Centro Oeste as condições estarão adversas.

Mas, além dos fatores apontados, as grandes dificuldades deverão ser a umidade e a baixa ventilação dos estádios projetados, que deverão proporcionar condições correspondentes a uma panela de pressão, que não poderão ser resolvidos simplesmente por intervalos adicionais durante os dois tempos dos jogos de futebol. Nos locais como o Nordeste, a ventilação ajuda mesmos as áreas de baixas altitudes, mas os estádios foram projetados com coberturas que dificultam esta contribuição. Locais como Manaus e Cuiabá ficam insuportáveis com a elevada temperatura, a que se acrescente um nível de umidade, diante da baixa altitude e presença de rios que contribuem para o seu aumento. A sensação de calor vai acabar sendo desgastante para muitas equipes.

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Estádios de Fortaleza, Recife e Manaus: coberturas impedem a ventilação natural

O que se observa é que tanto as autoridades da FIFA – Federação Internacional de Futebol como as brasileiras como da CBF – Confederação Brasileira de Futebol, do governo brasileiro e mesmo os comentaristas esportivos parecem desconhecer todas as circunstâncias que dificultam a prática de um bom futebol nestas condições, que podem ser menos desgastantes para os que estão acostumados com as condições tropicais. Mesmo considerando que em regiões temperadas, nos seus verões, as condições podem ser semelhantes, mas o que vai acabar judiando são as constantes mudanças, pois muitas equipes terão que disputar em locais com acentuadas diferenças climáticas.

Algumas seleções estão tomando as precauções necessárias, como a da escolha de cidades com condições climáticas de verão e que tenham facilidades de deslocamentos em aeronaves alugadas, para minimizar as dificuldades. Mas nem todas têm condições de tomarem todas estas preocupações adicionais. Isto equivale às dificuldades criadas pelas altitudes extremas, onde os jogadores contam com dificuldades dos seus controles das bolas, principalmente com os pesos menores, como as escolhidas.

Ainda que existam pequenos intervalos de dias entre os jogos, não se podem subestimar os deslocamentos por distâncias consideráveis como para Manaus. As equipes necessitarão chegar com alguma antecedência para treinamentos nas condições locais, implicando em condições de hospedagem, utilizações de aeroportos nem sempre confortáveis, alem das naturais mudanças de pressão atmosféricas nos voos aéreos. Para quem viajou por todo este imenso Brasil com frequência, mesmo não sendo atleta, nota os desgastes provocados por estas mudanças de locais.

Mesmo considerando as conveniências dos horários para as transmissões de televisão para boa parte do mundo, como a Europa e os Estados Unidos, há que se considerar desumano para a prática dos esportes, quando as temperaturas e as umidades devem estar perto dos seus picos em algumas localidades, mesmo no chamado inverno brasileiro. Aliás, na Amazônia chama-se inverno as estações das chuvas e em nada se relaciona com as estações do ano das regiões temperadas, de onde vêm muitas seleções.

Tudo isto denota que existe um profundo desconhecimento do Brasil e das regiões amplas como este país, não somente por parte dos estrangeiros, como dos próprios brasileiros. Espera-se que isto não tire o brilho da Copa do Mundo, que na de 2018 será realizada na Rússia, no seu verão do hemisfério norte, predominantemente de região temperada para fria.



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