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Medidas Econômicas Brasileiras Visando 2014

29 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

Muitos na imprensa brasileira se mostram surpresos que no final do ano o governo tome medidas que são consideradas antipopulares, visando efeitos num ano que é eleitoral. Na realidade, o professor Delfim Netto estava alertando que poderia ocorrer uma tempestade perfeita, com os Estados Unidos reduzindo seus incentivos para manter a sua economia em recuperação com a redução da chamada easy monetary policy, e o Brasil sendo reclassificado pelas agências internacionais de rating, diante das dificuldades que estaria enfrentando. O que se constatou é que as autoridades monetárias norte-americanas se mostraram extremamente cautelosas somente reduzindo a sua expansão monetária de uma aquisição mensal de US$ 85 bilhões, para US$ 75 bilhões, que indica apenas um início do processo de redução paulatina e cuidadosa de suas facilidades monetárias.

Isto manteria a balança internacional de turismo extremamente deficitária mesmo no próximo ano. O governo resolveu impor um aumento do IOF de 6% sobre os principais meios de gastos dos turistas no exterior, que foi considerada por alguns analistas econômicos opositores ao governo como insuficiente, que segundo eles decorreria da elevação tributação existente no Brasil. Isto mostra que muitos deles não entendem adequadamente o funcionamento do mecanismo dos preços, que não necessita ser efetuada com grandes saltos, mas efetuar os ajustamentos por pequenos passos. Ao mesmo tempo, mesmo com os primeiros indícios de queda da expansão da demanda interna de diversos produtos, as autoridades brasileiras demonstraram publicamente que estão dispostas a tomar medidas mesmas antipopulares, num ano eleitoral. É uma indicação importante para as agências de rating, afastando a necessidade de reclassificação da economia brasileira.

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As medidas devem ajudar a produzir um PIB maior que estava estimado por muitas consultorias, a maioria ligada ao sistema bancário ainda que indiretamente. Surge a possibilidade que as pressões inflacionárias sejam menores, com um crescimento econômico moderado, talvez mais elevado que os muitos estimados.

Tudo indica que o crescimento do setor agropecuário, junto com todo o sistema denominado agrobusiness, continue estimulando a economia. Os investimentos públicos e privados em infraestrutura, notadamente na construção e aperfeiçoamento das rodovias estão se mostrando promissores com importantes participantes comparecendo nas concorrências para as suas disputas.

Tudo indica que, mesmo com a contenção do setor público com a necessidade de manutenção de um superávit fiscal para cobrir parte dos custos da dívida pública, está se conseguindo atrair o interesse privado para estes investimentos estratégicos, que devem ter um impacto expressivo sobre a redução de muitos custos, como de transportes. Estes investimentos em si também contribuem para a expansão da economia.

Ainda que o mundo todo não esteja com um elevado entusiasmo, muitas são as indicações que, com responsabilidade, as autoridades de diversos países perseguem a continuidade da recuperação que já se observava em 2013. Na realidade, com muito trabalho há condições que 2014 se comprove mais promissor que o ano anterior, e os anos eleitorais no Brasil costumam ser mais motivadores.


2 Comentários para “Medidas Econômicas Brasileiras Visando 2014”

  1. José
    1  escreveu às 13:16 em 31 de dezembro de 2013:

    Pressionada pelos próprios fracassos e pelo descrédito internacional, o governo federal percebeu que precisa mudar a política econômica

    Muito a contragosto, Dilma reconheceu às críticas de que sua política econômica conduziria o país a uma crise grave.

    Premido pelo esvaziamento de seus cofres, reconheceu o fato de que não pode continuar a gastar como nos primeiros anos de governo. Acuado pelo risco de fracasso das privatizações de serviços públicos, reconheceu à necessidade de reformular os leilões de concessão.

    Reconheceu ainda à necessidade de dar combate direto à inflação, e a taxa básica de juros voltou a subir. Reconheceu o descrédito e malogro de sua política de controlar preços, diretamente ou por meio de desonerações de impostos, embora os desarranjos ainda permaneçam, maquiando e reprimindo artificialmente a inflação. O esgotamento do arsenal de medidas de estímulo econômico e de intervenção em preços e rendas não resultou em progresso nem segundo os critérios do governo.

    A presidente e seu incompetente ministro Guido Mantega dizia no início de 2011 que a economia cresceria a 6% ao ano; mudaram para 4,5% em 2012. No final do ano passado, acreditavam em expansão de 4% neste 2013. Na média anual, o PIB do triênio não terá avançado mais de 2%.
    Seria difícil ter crescido muito mais que isso, sob qualquer governo. No início dos anos Dilma, o país tinha de lidar com os problemas da crise mundial, os excessos do final da gestão Lula, os efeitos de quase meia década de inércia reformista, entre outros obstáculos. Mas é lamentável que o triênio tenha sido perdido em tentativas pueris de estimular a economia no curto prazo, como se o país estivesse pronto para deslanchar.

    Impressionado pelas ruas, pelo descrédito internacional, pelo aumento das taxas de juros no mercado doméstico, o governo cedeu. Até sua estimativa de crescimento é mais modesta para 2014: “melhor que o deste ano”, apenas. Ainda assim, não se percebe atitude positiva do governo.

    2014 é ano de eleição, convém não fazer marolas, não desagradar nem a comunidade financeira nem o eleitorado.Seria ingênuo, pois, reivindicar que fizesse logo o ajuste necessário para o país retomar ao menos o caminho da normalidade, tendo, assim, condições de refletir sobre alternativas de desenvolvimento.

    Normal seria o governo ao menos controlar sua dívida. Desistir de reprimir preços –arbitrariedade que, por exemplo, avaria a mais importante empresa do país, a Petrobras. Normal seria o realismo tarifário no setor elétrico, nos serviços públicos a conceder; seria a redução de subsídios caríssimos a empresas, por meio do BNDES.

    Trata-se de uma proposta muito modesta, nada além de um primeiro e pequeno passo para que o Brasil se habilite a planejar e modificar o seu futuro, nublado por três anos de imediatismos simplórios e, obviamente, ineficazes.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:03 em 2 de janeiro de 2014:

    Caro José da Silva,

    Obrigado pelos seus comentários. Lamentavelmente, a maioria dos governos procura ser exageradamente otimista. Todos eles possuem suas dificuldades e limitações, que no atual governo parece acima do aceitável. Como todos enfrentam suas dificuldades, começam a serem obrigados a um realismo maior, a maioria dos países parece que começa a recuperar de forma mais modesta.
    Paulo Yokota


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