Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Natal e Diferenças de Necessidades dos Países Não Cristãos

25 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Para o brasileiro, o Natal é uma das maiores datas do ano e a população está culturalmente influenciada pelos hábitos que cercam a data. Desde os dias que o antecedem, os preparativos eram mais marcantes do ponto de vista religioso, como as montagens do presépio, além das preparações espirituais como treinamento dos coros, roupas para missas e cultos, ao lado de meditações sobre o nascimento de Jesus Cristo. Lamentavelmente, passaram a ser dominados pelas compras de presentes e preparo das culinárias das ceias e almoços familiares. Mas nota-se a forte mudança do espírito de todos, com as vésperas sem expedientes de trabalho para muitos, viagens para se juntar aos familiares.

Nem todos se dão conta que isto não é universal, pois uma grande parcela do mundo não é cristã, ainda que os hábitos comerciais já tenham sido adotados, como as promoções das lojas. No Japão, por exemplo, não sendo o Natal um feriado, um brasileiro ou outras pessoas criadas no mundo cristão sentem as fortes diferenças existentes. O expediente de trabalho é normal, e somente à noite os familiares e amigos se reúnem para a sua comemoração, que nem sempre é como imaginado. Lembro-me, também, que existe uma imaginação que constatei quando estava em Veneza, na Itália na noite do Natal e pensava que haveria missa em todas as igrejas católicas da cidade, mas não consegui descobrir nenhuma. A população acompanhava a televisão que transmitia a que ocorria no Vaticano.

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Papa Francisco na missa de Natal. REUTERS/Tony Gentile / Loja enfeitada para o Naral

Estes hábitos estão profundamente arragaidos nas pessoas, que foram criadas dentro de uma cultura e por muitos anos. Mesmo que se compreenda mentalmente a diferença que precisa ser admitida em países não predominantemente cristãos, sente-se um vazio na alma, como se uma parte de nós mesmos não aceitasse estas realidades.

Com o mundo cada vez mais globalizado, um artigo publicado no Nikkei Asian Review informa que os principais aeroportos japoneses internacionais estão contando com novas instalações. Com a liberação dos vistos para turistas de muitos países muçulmanos estes aeroportos têm agora meios para serem mais amigáveis para os que professam esta religião, onde no Sudeste Asiático destacam-se a Indonésia e a Malásia, com grandes populações, além do Oriente Médio.

Passam a contar com salas especiais para as orações dos muçulmanos, bem como a lavagem antecipada das mãos para tanto, quando antes se dispunha somente das chamadas salas de silêncio que eram destinadas para muitas outras religiões. Como adepto das tendências ecumenistas, eu procuro respeitar todas as religiões, mas ninguém fica imune à educação que recebeu.

O que se lamenta é o desvirtuamento atual do verdadeiro sentido do Natal que deveria ser um marco do respeito à simplicidade e aos mais humildes, como o papa Francisco com o seu carisma tenta recuperar. Parece preciso lembrar que Jesus Cristo nasceu numa manjedoura, filho de uma Virgem, tendo como pai um simples carpinteiro, cercado somente pelos animais.

O exagero do Papai Noel e seus presentes nada têm com a visita dos reis Magos que orientados por uma estrela foram pagar os seus respeitos ao Rei dos Reis, que sempre marcou a sua passagem pela Terra pelo exemplo da simplicidade e humildade.

Que estes dias inspirem a humanidade com a solidariedade e a convivência pacífica de povos que pensam e possuem culturas diferentes, neste mundo cada vez mais globalizado, que não seja somente do ponto de vista material.

Bom Natal para todos e um Feliz Ano Novo.



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