Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Bitcoin e Outras Moedas Virtuais

4 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Este artigo está redigido de forma a ser acessível a todos sobre o assunto que é de uma elevada complexidade tecnológica. A disseminação das chamadas moedas virtuais está sendo tão rápida e assustadora que mereceu um artigo no The Economist, ainda que tratado no capítulo da tecnologia. Elas exigem o uso de uma matemática sofisticada, com técnicas chamadas de criptográficas, e o Bitcoin e outras moedas virtuais estão se espalhando por todo o mundo, dos Estados Unidos até a China, sem o controle das autoridades monetárias. Muitos especuladores estão visando elevados lucros, pois as suas cotações denotam uma bolha.

Todas as moedas envolvem confiança, que normalmente é proporcionada pelas autoridades monetárias de um país que também usufrui de sua senhoriagem, a vantagem que decorre de sua emissão aceita pela população, que de outra forma não deixaria de ser um simples papel pintado. Já vêm sendo substituídas pelos cartões de crédito, além das versões virtuais que ainda tem como base a moeda tradicional. Elas servem como meios de transações e de reserva de valor, muitas vezes com seus fluxos internacionais sendo difíceis de serem controlados.

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No caso do Bitcoin, foi proposto num “paper” em 2008, no auge da crise financeira mundial, com um artigo publicado por um autor ou autores usando o pseudônimo Satoshi Nakamoto. Começou com ares que permitem desconfiar que problemas pudessem ocorrer a qualquer momento, algo como as pirâmides que ganharam adeptos ávidos de lucros fabulosos. Mas o seu nível de sofisticação tecnológica é impressionante, muito superior a tudo que tem aparecido até agora.

Seria uma versão do dinheiro eletrônico que permitiria o pagamento direto e pela internet sem utilizar o sistema bancário, que sempre cobra algumas taxas pelas suas intervenções. O sistema estaria cercado de todas as seguranças possíveis. Visaria, inicialmente, facilitar as liquidações dos compromissos de comércio efetuados pela internet sem custos adicionais, ainda que exigindo conhecimentos tecnológicos.

Estas moedas virtuais não contam com um Banco Central, mas são criadas pela a confiança entre os que estão envolvidos com elas, que não seriam identificados. Com base em símbolos digitais e sem nenhum valor intrínseco, dependendo somente de um lançamento contábil entre os participantes, que poderia ser criptograficamente verificado, proporcionaria a credibilidade necessária para liquidar operações de suas transações com o Bitcoin, de forma irreversível. Estas moedas são mantidas conjuntamente pelos seus usuários, havendo limitações para a sua criação adicional, pelo mecanismo que denominam “mineração” que teriam regras claramente definidas para tanto.

O sistema teria um processo intrínseco de autocontrole, que corrigiria eventuais distorções. Mas tudo indica que quando houver qualquer dúvida sobre a sua validade ou correção, que determinam fortes variações de cotações, além das decorrentes de sua oferta e procura, sempre haverá a possibilidade de tudo vir abaixo, gerando uma crise de confiança, como é usual no mercado financeiro em que está inserido. Já existem negociações de o seu intercâmbio com as moedas tradicionais de muitos países.

Muitas autoridades estão admitindo que o Bitcoin seja uma unidade de conta e pode se admitir o uso de moedas virtuais para a liquidação de débitos decorrentes de compras pela internet. O problema começa a surgir, pois se criou um mercado onde se pode comprar eletronicamente o Bitcoin, que passa por uma valorização exagerada, denotando que está se formando uma bolha.

Muitos artigos estão sendo publicados em toda a imprensa internacional sobre o assunto. Alguns ressaltam a sua importância tecnológica, admitindo que se pudesse chegar a ter a importância da internet. Outros entendem que se trata de um jogo perigoso, algo como uma aposta em cassinos como o de Macau, hoje incorporado à China, onde o Bitcoin está fazendo um grande sucesso.

Alguns entendem que as autoridades monetárias e os bancos também provocam prejuízos para os que os utilizam, não preservando o valor da moeda que se desvaloriza com a inflação, e os bancos continuam abusando de taxas cobradas pelos seus serviços, que também apresentam falhas gritantes. Então, se o mercado acaba criando moedas virtuais, elas poderiam ser mais eficientes do que as oficiais. São questões extremamente complicadas.



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