Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Trancos e Barrancos no Caminho Para Liberalizar o Comércio

12 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

O que a importante revista internacional The Economist já tinha adiantado em linhas gerais no seu site, como já postado neste, e agora aparece de forma completa e mais veemente na sua próxima edição impressa, em dois artigos importantes. Nos últimos doze anos, muitas vezes a chamada Rodada Doha já parecia condenada. Mas na reunião de Bali um esforço especial foi desenvolvido, para se chegar a um primeiro acordo mais modesto, com a revista expressando que se trata de uma vitória pessoal do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, que se tornou direitor geral da OMC – Organização Mundial do Comércio em setembro último. Uma afirmação desta magnitude acaba tendo repercussão internacional. O mesmo tipo de reconhecimento está ocorrendo em muitos meios de comunicação social do mundo, como no Correio da Rússia que colocou o título Roberto Azevêdo “É o Cara”.

A revista The Economist expressa que todos os chamados acordos bilaterais ou plurilaterais podem ser mais fáceis e representam avanços para a liberalização do comércio internacional. Mas todos apresentam as desvantagens de marginalizar os que não estão incluídos, podendo transferir o comércio que era feito entre alguns países para outros. O entendimento de Bali, envolvendo 159 países, encontrou os obstáculos usuais como os relacionados com os subsídios agrícolas dos países desenvolvidos, e os problemas mais difíceis foram postergados nas suas soluções definitivas, onde se destacava a posição da Índia no seu estoque estratégico de alimentos. Também Cuba apresentou o problema do boicote dos Estados Unidos, mas todos foram mantidos nas mesas de negociações por Roberto Azevêdo, mesmo com o tempo esgotado. Atingiu-se o acordo no dia seguinte, sábado, dia 7 de dezembro, deixando uma pauta intensa para ser negociada no futuro próximo.

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Roberto Azevêdo

A imprensa está fazendo um paralelo do entendimento de Bali com o fracasso do TPP – Transpacific Partnership que almejava atingir um acordo ainda em 2013, mas não havendo um acordo dos Estados Unidos com o Japão acabou sendo adiado na sua meta. Por se tratar de acordo regional aberto, também a China começa a mostrar o seu interesse, quando um dos objetivos geopolíticos de muitos participantes parecia ser mantê-la isolada.

Ainda que estes acordos parciais possam representar alguns avanços, há um reconhecimento da necessidade de acordos globais, como o que o Brasil vem insistindo, ainda que sejam mais difíceis. O The Economist alerta que estes acordos regionais apresentam os riscos de balcanização, ou seja, experiências que acabaram isolando uma região. A nova agenda deve envolver assuntos relacionados com os serviços, com as propriedades intelectuais, com os investimentos e também os objetivos de sustentabilidade, além de superar os sempre presentes assuntos relacionados com os produtos agrícolas.

O acordo atingido em Bali é reconhecido como um estímulo para o desenvolvimento de novos esforços, apresentando forte credencial para o diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo. Teve o mérito de ser mais simples e atraente possível, concentrando-se na “facilitação do comércio” com o que todos poderiam concordar. Mas estimativas são de redução de 10% dos custos do comércio internacional, pelas simplificações burocráticas nas questões alfandegárias. Isto aumentaria a produção mundial em cerca de US$ 400 bilhões.

O que parece estar acontecendo depois desta aprovação do acordo mínimo em Bali é um grande estímulo para a aceleração das negociações, desde os regionais até os globais, o que deve ajudar o mundo a aumentar o seu comércio internacional, um mecanismo muito importante para a recuperação econômica que está se observando no mundo globalizado.



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